Foto de Jim M.
- «A mentira, a aldrabice, o cambalacho constituem a carta de alforria de uma sociedade que este ‘sistema’ corroeu até à medula. Anteontem, o Dr. Passos, com a desfaçatez que se lhe reconhece, disse, numa escola da Amadora, nunca "ter convidado os portugueses a emigrar". E acrescentou: "Mas a emigração pode ser a última alternativa ao desemprego." Mentir é ultrajante; mentir aos miúdos é pecado venial. Atribuam, os meus dilectos, ao Dr. Passos a classificação por ele merecida. Para mim não passa de um tipo instável, em zaragata sem tréguas com a verdade.» Baptista Bastos in Sociedade doente – CM 2mar2016.
- «Maria Luís Albuquerque quer fazer-nos acreditar que o facto de ter sido ministra de Estado e das Finanças e a sua actual qualidade de deputada não pesam nesta contratação. Mais, deseja fazer crer que as suas futuras funções valem pouco. "São de natureza estritamente executiva", diz. Mas não é isso que pensa a Arrow Global cujo comunicado começa logo por realçar as actuais e anteriores funções políticas de Maria Luís no desempenho de "cargos de topo no Ministério das Finanças e no Tesouro público português". Quem não quer ser lobo não lhe veste a pele e é óbvio que esta contratação merece passar pelo crivo da Comissão de Inquérito ao Banif, com início este mês, e que, entre outros aspectos, deverá investigar o papel do anterior Governo no estado a que o Banif chegou. Ora Maria Luís Albuquerque está no lugar cimeiro dos responsáveis políticos cujas decisões (ou omissões) neste caso poderão ler lesado gravemente os cofres públicos, razão pela qual todas as suas acções devem ser escrutinadas.» Editorial do Público de 3mar2016. Via O voo do corvo.
- «(…) Quando um autor não segue as instruções subtilmente impostas, já se sabe: rua com ele. Anda por aí um advogado que faz o trabalho sujo. E a Imprensa portuguesa, por míngua de carácter, de honra e de dignidade, é o que é. As excepções são poucas. A ascensão da economia a lugar de importância, mesmo relativa, transformou o jornalismo numa mácula desavergonhada. O "economês" destruiu a reportagem e a pesquisa, e reduziu a notícia a uma mascarada. Tudo é esmagado pela lógica dos "mercados". Numa destas televisões, um indivíduo de grave cariz segue o que diz o Financial Times, a bíblia do capitalismo, e nem sequer o oculta. Os convidados que escolhe, para lhe preencher os programas, são de "confiança." Não há crítica, nem debate, nem afrontamento, a não ser que, no Governo, esteja quem não agrade ou não seja da cor do "apresentador." (…) A ordens de outrem esvaziam os jornais e as televisões e as rádios de conteúdo sólido e impõem a futilidade como norma. Não é a era do vazio; é a era do ultraje. Sei muito bem do que falo, até por experiência pessoal. Um dia, a um saneador que me mandara embora, porque escapava às regras, escrevi: "O senhor julga que me amordaça, mas pode crer que até escreverei nas paredes, seja caso disso." Na carta, acrescentei outras coisas, que o pudor me impede de reproduzir. Não há valentia nenhuma em defender a dignidade de uma nobre profissão. É um dever. Com essa convicção, aqui saúdo o meu camarada Nicolau Santos, por aquele e por outros artigos de que é autor, e me dão aprazimento e ensino.» Baptista Bastos in Honra ao jornalismo digno – JNegócios 4mar2016.
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