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A cimeira climática de Paris permitiu a concentração de lobistas de multinacionais que pressionaram a organização no sentido da adoção de políticas à medida dos seus interesses, escreve Rachel Tansey no Corporate Europe Observatory.
Os nossos líderes e os media de referência podem aplaudir o acordo final, mas o certo é que ele não garante o nosso futuro e abandona muita gente. Os países ricos ficaram dispensados de qualquer tipo de responsabilidade pelas perdas ou prejuízos ocorridos nos países mais pobres. Os direitos humanos não aparecem no texto. O objetivo de 1,5º é apenas uma ambição. Não há qualquer data que sirva de referência. O conceito de «neutralidade de emissões» foi introduzido, implicando que pode-se continuar a poluir através de truques tecnológicos e não só.
A enorme pressão dos lobistas e representantes das grandes multinacionais concentrou-se
(1) no aumento da captura e armazenamento do carbono, uma tecnologia comprovadamente cara, perigosa e inexequível e que, no fundo, significa a continuação da extração de mais carvão;
(2) no apoio à bioenergia, o que representa mais desflorestação, mais uso de fertilizantes químicos, mais biodiversidade destruída e violação de direitos humanos;
(3) no reforço do mercado global de carvão, que até ao momento já provou ser um poderoso fator de enriquecimento dos ricos, do atropelo da justiça e do falhanço na redução das emissões.
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