- «Se nos dizem que não há dinheiro para suprimir de imediato os cortes de salários e de pensões, se nos dizem que não há dinheiro para acabar integralmente com a sobretaxa de IRS, se nos dizem que não há dinheiro para garantir protecção no desemprego para todos, não se atrevam a dizer-nos que volta a haver dinheiro para pagar ainda mais delinquência banqueira. Se o BANIF faliu, quem o enterrou que o pague.» Filipe Tourais in O país do Burro.
- «Em magno conclave dos jotas do CDS, Paulo Portas apareceu e disse. Sem citar Thomas More, falou em utopia, execrando com veemência o significado oculto da palavra. Revelou, então, que nazismo e comunismo procediam desse sonho absurdo e criminoso. Afirmativa tola e indecorosa. Ou Portas não leu A Utopia, e fala barato (não é de estranhar) ou, se leu, deturpou, com indignidade intelectual, o significado do belíssimo livro. Confundir, em deliberado propósito, comunismo com nazismo, é uma estafeta muitas vezes corrida pelos alveitares de Direita. Sem outro efeito que não seja o de passarem por biltres ou por atrevidos ignorantes.» Baptista Bastos in A moral espancada – CM 16dez2015.
- «Ora, se há a ‘Esquerda Caviar’ tem de haver também a ‘Direita Jaquinzinho’! E quem é a ‘Direita Jaquinzinho’? É aquela, em que sendo pobres e não tendo dinheiro quase para comer ou pagar a renda, votam na Direita (que os maltrata!) para se sentirem e comportarem como os ricos vizinhos do lado que têm um Mercedes, piscina e jardineiro. São os que tendo uma reforma de merda, pensões miseráveis, estando no desemprego ou sendo obrigados a emigrar por falta de condições aqui no País, continuam sempre a dar o seu voto à Direita (que os humilha, assassina e tortura!).» Vitor Rua, FB 14dez2015.
- «Os malfadados rankings limitam-se a referir quais as escolas de que mais alunos entraram na universidade. Mesmo que este critério valesse estatisticamente, extrair conclusões era errado porque podiam os alunos de uma determinada escola, por exemplo, ter entrado em faculdades em que se entra com médias baixas, e outra ter tido menos alunos na faculdade mas os alunos desejarem cursos que obrigam a notas elevadas. Numa versão mais “pós-modernista”, os rankings “apoderaram-se” das notas dos exames do 4.o, do 6.o e do 9.o anos, e, mesmo sendo exames nacionais, reflectem apenas algumas disciplinas (Português e Matemática, essencialmente), que podem ser ensinadas de modo diferente, que são uma fracção do total e portanto nada quer dizer sobre o resto da escola e das competências do aluno. Todavia, muito pior que este erro é considerar-se à partida que o objectivo do sistema de ensino/aprendizagem é “entrar na faculdade” ou “ter boas notas”. É muito pobre. Demasiado pobre. Porque se, por absurdo, fosse apenas isso que se deseja, não seriam necessárias escolas – cada um estudaria em casa, isoladamente, ao seu ritmo e faria um exame final. Para quê então o ensino obrigatório? Será curioso, aliás, numa análise mais criteriosa, olhar para os dados “sociais!” que só surgem para as públicas e em que as assimetrias são mais que evidentes. (…) os rankings são muitas vezes publicidade enganosa para algumas escolas privadas manterem elevados níveis de propinas, sobretudo numa altura em que as crianças desertam das privadas para as públicas, ou para começarem (continuarem) a formar futuros dirigentes, administradores e decisores que pertencerão a determinados lóbis e classes de poder – do poder “semi-invisível”, dado que a maioria dos dirigentes que são mesmo competentes, como demonstrou um estudo da Universidade do Porto, frequentou maioritariamente escolas públicas! Ramalho Eanes, Mário Soares, Jorge Sampaio, Cavaco Silva, António Guterres, Marcelo Rebelo de Sousa, Maria de Belém, Passos Coelho, António Costa, Francisco Louçã, Catarina Martins, Jerónimo de Sousa… que eu saiba, pelo menos todos estes frequentaram a escola pública.» Mário Cordeiro in A farsa (e a afronta) dos rankings escolares – iOline 16dez2015.
Recortes de notícias ambientais e outras que tais, com alguma crítica e reflexão. Sem publicidade e sem patrocínios públicos ou privados. Desde janeiro de 2004.
quinta-feira, 17 de dezembro de 2015
Bico calado
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