quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Reflexão – Os impactos do TTIP

Imagem retirada daqui.

Joseph Stiglitz, prémio Nobel de Economia, catedrático da Columbia University e ex-economista chefe do Banco Mundial, alerta, através do Vancouver Sun, que o Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento vai trazer consequências negativas para os cidadãos e países aderentes enquanto as multinacionais, nomeadamente as grandes farmacêuticas, beneficiarão.

1 Considerar este acordo de comércio livre é um eufemismo. As negociações não foram entre o povo americano, o canadiano ou o neozelandês. Foi entre ministros da indústria e do comércio, que não decidiram sobre taxas, que poderiam favorecer os consumidores, mas sobre regulamentações relacionadas com o ambiente, a segurança, a economia, a saúde, o que vai prejudicar os consumidores.

2 Apesar do secretismo das negociações, conseguimos apurar que há uma cláusula segundo a qual qualquer multinacional poderá processar um governo se se sentir lesada. É este tipo de regulamentação que a tabaqueira Philip Morris está a usar para processar o Uruguai e a Austrália. Imagine se esta lei existisse quando se descobriu que o amianto é perigoso para a saúde. Em vez do que aconteceu, - as fábricas de amianto foram encerradas e aplicaram os seus lucros em indemnizações a quem morreu por causa do amianto e a quem teve que substituir telhados em suas casas -, segundo este novo acordo, o governo teria que pagar às empresas para não matarem cidadãos, o que retira ao governo o direito básico de proteger os seus cidadãos.

3 Normalmente os acordos de comércio livre têm por objetivo beneficiar os consumidores. Por exemplo, conseguimos que as grandes farmacêuticas introduzissem remédios novos ao mesmo tempo que conseguimos genéricos baratos. Este novo acordo altera tudo isso. Vamos ter mais dificuldade em aceder a genéricos baratos. Os pobres não vão poder pagar remédios, os prémios de seguros vão disparar, isto vai afetar todos os setores da sociedade e nenhum deles está representado na mesa das negociações.

4 Uma questão importante que vai afetar o Canadá é saber que percentagem de um carro pode ser fabricada na China para o carro poder ser considerado um carro japonês. O que os EUA propuseram foi uma percentagem muito baixa, o que vai fazer com que os carros chineses possam entrar no mercado sob o rótulo de carros japoneses, o que vai matar os fabricantes de peças no México, no Canadá e nos EUA.

5 Estou otimista: este TTIP não vai ser aprovado porque vai haver imensa pressão pública, pelo menos por parte de um dos países. Nos EUA, este tema vai fazer parte do debate político das presidenciais e os candidatos terão de tomar posição a favor dos consumidores.

Entretanto, fique a saber que 500 organizações entregaram em Bruxelas 3 milhões de assinaturas contra o TTIP.

1 comentário:

OLima disse...

Hundreds of thousands protest in Berlin against EU-U.S. trade deal
Hundreds of thousands of people marched in Berlin on Saturday in protest against a planned free trade deal between Europe and the United States that they say is anti-democratic and will lower food safety, labor and environmental standards.

Organizers - an alliance of environmental groups, charities and opposition parties - said 250,000 people were taking part in the rally against free trade deals with both the United States and Canada, far more than they had anticipated.

"This is the biggest protest that this country has seen for many, many years," Christoph Bautz, director of citizens' movement Campact told protesters in a speech.

A police spokesman estimated 100,000 people were taking part in the demonstration which has been trouble free so far. There were 1,000 police officers on duty at the march.

Opposition to the so-called Transatlantic Trade and Investment Partnership (TTIP) has risen over the past year in Germany, with critics fearing the pact will hand too much power to big multinationals at the expense of consumers and workers.

"What bothers me the most is that I don't want all our consumer laws to be softened," Oliver Zloty told Reuters TV. "And I don't want to have a dictatorship by any companies."

Dieter Bartsch, deputy leader of the parliamentary group for the Left party, who was taking part in the rally said he was concerned about the lack of transparency surrounding the talks.

"We definitely need to know what is supposed to be being decided," he said.

Marchers banged drums, blew whistles and held up posters reading "Yes we can - Stop TTIP."

The level of resistance has taken Chancellor Angela Merkel's government by surprise and underscores the challenge it faces to turn the tide in favor of the deal which proponents say will create a market of 800 million and serve as a counterweight to China's economic clout.

In a full-page letter published in several German newspapers on Saturday, Economy Minister Sigmar Gabriel warned against "scaremongering".

"We have the chance to set new and goods standards for growing global trade. With ambitious, standards for the environment and consumers and with fair conditions for investment and workers. This must be our aim," Gabriel wrote.

Businesses hope the trade deal will deliver over $100 billion of economic gains on both sides of the Atlantic.

"A fair and comprehensive free trade deal promotes growth and prosperity in Europe. We should actively participate in the rules for world trade of tomorrow," Ulrich Grillo, head of the BDI Federation of German industries, said in a statement.
http://www.reuters.com/article/2015/10/10/us-trade-germany-ttip-protests-idUSKCN0S40L720151010