Excertos de um texto de Al Gore e David Blood publicado no Guardian de 16abr2015:
Interesses obscuros estão a tentar impor o carvão como solução de energia em países pobres.
É cada vez mais difícil evitar a realidade de que o carvão como fonte de energia tem os dias contados. Num mundo em que as emissões de carbono terão que ser cada vez mais condicionadas, o carvão é a fonte de energia mais vulnerável a tornar-se "encalhado", a ver colapsar o seu valor de mercado muito tempo antes do seu tempo de vida útil previsto anteriormente.
Esta nova realidade económica e política já está sendo moldada pelo rápido crescimento global de apoio à aplicação de um "orçamento de carbono" global. Esta ideia, proposta pela primeira vez há seis anos e formalmente aprovada pela Agência Internacional de Energia, em 2011, foi ganhando força por causa do consenso científico cada vez mais forte de que as emissões de carbono resultantes da actividade humana são o principal motor das alterações climáticas.
Esta exploração de uma necessidade humanitária urgente para promover o carvão em países pobres é extremamente enganosa: a emissão de 110 milhões de toneladas diárias na atmosfera está aumentando a probabilidade de graves e irreversíveis impactos para as pessoas e para os ecossistemas.
Porém, a indústria do carvão luta pela sobrevivência, e, por isso, lançou uma campanha para promover o carvão como a solução para a pobreza energética, tenatndo fazer crer que o carvão é a forma mais barata de fornecer eletricidade para a um quinto da população sem acesso a rede elétrica. Se concretizada, esta política iria piorar a situação de 1.3 biliões de pessoas
A maior parte dos países pobres enfrentam desafios graves já exacerbados por situações relacionadas com episódios de clima extremo. Eles têm sido vítimas de tempestades cada vez mais fortes, cheias destuidoras, secas cada vez mais prolongadas e duras e de mudanças desestabilizadoras nas épocas das chuvas. Estas manifestações de crise climática têm afetado o crescimento económico, prejudicando a agricultura de subsistência e criado conflitos sociais. A segurança alimentar e as reservas de água estão a ser comprometidas, verificando-se uma enorme pressão sobre os recursos naturais e as infraestruturas básicas.
É importante sublinhar que o custo real do carvão deve incluir os danos causados à saúde das pessoas. Por exemplo, no norte da China, a poluição causada pelo carvão é responsável pela redução de cinco anos e meio na expetativa de vida. Deve também incluir o uso de elevadas quantidades de água e os enormes danos ambientais causados pela deposição de cinzas cheias de mercúrio e cádmio que, contaminando terrenos, acabam contaminando a comida.
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