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«Sai caro adiar o combate contra as alterações climáticas. É rentável deixar o mundo ir para o inferno. Creio que a tirania do curto prazo vai prevalecer nas próximas décadas. Como resultado, uma série de problemas a longo prazo não serão resolvidos, mesmo se pudessem ser, e até mesmo se eles causassem cada vez mais dificuldades para todos os eleitores», diz Jørgen Randers, professor de estratégia climática na Norwegian Business School e autor de Limits to Growth (1972) citado pelo The Guardian.
Quando se trata de mais regulamentação ou do aumento dos impostos, Randers diz que os eleitores tendem a revoltar-se e, como resultado, os políticos vão continuar a recusar tomar medidas corajosas com medo de perderem as eleições seguintes.
«O sistema capitalista não ajuda», acrescenta Randers. «O capitalismo está muito bem desenhado para canalizar capital para os projetos mais rentáveis. E é precisamente disso que não precisamos hoje. Precisamos de mais investimentos em energia eólica e solar, não em carvão e gás barato. O mercado capitalista não vai fazer isso por conta própria. Ele precisa de outras condições – de preços alternativos ou de novos regulamentos».
Uma solução óbvia será atribuir um preço ao carbono para obrigar as empresas a internalizar os custos externos das emissões de CO2, mas, apesar de muitas empresas progressistas já terem pedido esse imposto, Randers diz que os eleitores não quererão pagar mais.
Perante essa oposição, o que se pode fazer? Randers diz que o primeiro passo é comunicar de forma eficaz aos cidadãos que a visão de curto prazo representa uma ameaça real para a sustentabilidade da sociedade democrática. Em segundo lugar, devemos defender a aplicação de taxas de desconto baixos nas análises de custo-benefício público e incentivar o uso do senso comum em vez de análises quantitativas para decidir fazer investimentos de longo prazo. Uma forma seria deixar de lado uma fração do fluxo de investimentos da sociedade para fins de longo prazo, como se faz nos orçamentos militares.
Outra mudança seria prolongar o período de governação para dar aos políticos tempo de desenvolverem medidas impopulares antes de perderem a eleição seguinte, e para garantir que todos os trabalhadores recebam um salário adequado depois de os seus trabalhos ‘sujos’ serem subsituídos por novos empregos ´limpos´.
«Estas soluções foram, infelizmente, rejeitadas pela maioria democrática, mesmo a mais óbvia, que era instalar uma ditadura esclarecida por um curto período de tempo em áreas críticas da política, tal como os romanos fizeram quando a cidade foi ameaçada e que é a solução imposta pelo Partido Comunista Chinês, com evidente sucesso na área da pobreza/energia/clima. Mas admito que a solução de governo um forte pode parecer irrealista no ocidente democrático,» acrescenta Randers.
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