Cais do Mancão, Murtosa, na véspera da sua inauguração.
Foto: Murtosa CDS.PP Concelhia 9out2014.
Parece estarmos perante mais um exemplo de dinheiros públicos esbanjados. Que fazer quando decisores impõem projetos e quando técnicos os assinam de cruz ignorando ou fazendo de conta que não sabem que este sítio faz parte de uma zona húmida, que está em plena Ria de Aveiro, e, portanto, numa zona sujeita a avanços e recuos constantes de águas consoante o avanço e recuo das marés ou o maior ou menor grau de pluviosidade?
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MURTOSA – No passado sábado, dia 11 de Outubro, na Ribeira do Gago, na Freguesia do Bunheiro, teve lugar a cerimónia de inauguração das obras de requalificação marginal, entre a Ribeira do Mancão e a Ribeira do Gago, recentemente concluídas.
O evento contou com a presença, entre outras individualidades, do Secretário de Estado do Ambiente, Dr. Paulo Lemos, da Presidente da Sociedade Polis Litoral Ria de Aveiro, Eng.ª. Celina Carvalho, do Presidente da Comunidade Intermunicipal da Ria de Aveiro, Eng. Ribau Esteves e do Presidente da Câmara Municipal da Murtosa, Eng. Joaquim Baptista.
Partindo da Ribeira do Mancão, após ter sido descerrada uma placa evocativa da requalificação, a comitiva percorreu o percurso marginal até à Ribeira do Gago, de bicicleta, permitindo assim uma tomada de contacto com as características principais da intervenção: por um lado a defesa e valorização da área marginal à Ria e, por outro lado, o estabelecimento de uma ecovia, ciclável e pedonal, ao logo da sua extensão, potenciando a visitação de um espaço de grande riqueza paisagística e ambiental.
Já na Ribeira do Gago, depois do descerramento da placa alusiva à requalificação, perante várias dezenas de pessoas que se quiseram associar ao ato, teve lugar a assinatura do protocolo de entrega da gestão da obra ao Município da Murtosa, por parte da Polis Litoral, que a executou, tendo o documento sido outorgado pela Eng.ª Celina Carvalho e pelo Eng. Joaquim Baptista.
Referindo-se à necessidade imperiosa de se restituírem aos canais da Ria as condições de navegabilidade, chamou à atenção para o facto de, obras da natureza das realizadas não serem suficientes, na medida em que quando se concluem já se revelam desadequadas para responder as alterações que vão sendo introduzidas no ecossistema Ria, advogando uma solução mais ambiciosa, que terá de passar, impreterivelmente, pelo controlo de caudais a montante e a jusante da área Portuária. Afirmando reconhecer a inegável importância, do ponto de vista económico e estratégico, que o Porto de Aveiro assume para a Região, o Presidente da Câmara lembrou que urge ter em conta a influência que as sucessivas intervenções na área portuária têm tido no ecossistema ria, nomeadamente no aumento da amplitude das marés e na velocidade das correntes com a consequente acelaração do proceso erosivo. As acçôes no perímetro do Porto de Aveiro, sem terem em conta as consequências a montante são desastrosas para toda a Região, em particular para os territórios que se localizam nas “cabeceiras” dos principais canais.
Lembrou o facto de estarmos perante um ecossistema artificial que resulta da intensa intervenção humana iniciada há mais de dois séculos com a abertura da Barra de Aveiro, impondo-se dar continuidade a esse trabalho sob pena do homem ser vitima de si próprio. Como exemplo da necessidade imperiosa de uma intervenção mais profunda referenciou o facto de, no troço agora inaugurado, ter sido necessário, em plena obra, aumentar as cotas da intervenção, relativamente às previstas em projecto, face às alterações verificadas, em poucos anos, na amplitude das marés, sendo já evidente a necessidade de, num futuro muito próximo, se promover nova intervenção.
A obra contemplou a beneficiação dos dois cais localizados dentro da área de intervenção – a Ribeira do Mancão e a Ribeira do Gago – dotando-os de condições de parqueamento automóvel de proximidade e de pequenas áreas de lazer, transformando as envolventes em espaços aprazíveis.
Ao longo de toda a área de intervenção, que se estende da EN109-5, no Mancão, até à extremidade sul da variante ao centro do Bunheiro, perto da Ribeira do Gago, foi requalificada a mota de protecção, conferindo à mesma uma dupla funcionalidade: por um lado, impedir a invasão dos campos agrícolas pela água salgada e, por outro lado, potenciar a usufruição, a pé e de bicicleta, de um território de grande valor ambiental. http://local.pt/portugal/centro/secretario-de-estado-do-ambiente-inaugurou-obras-de-reabilitacao-marginal-entre-o-mancao-e-a-ribeira-do-gago/
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