"Pese embora todas as agruras que pairavam sobre esta faixa litoral e de modo particular sobre as suas populações, a verdade é que o espírito empreendedor da engenharia costeira portuguesa não cessava de se revelar. Assim, durante o ano de 1971, o molhe exterior do porto de Leixões seria elevado à cota dos 13m acima do nivel médio das águas do mar.
Como resposta imediata e ainda durante esse mesmo ano, apesar das 'defesas' existentes na praia do Furadouro, o oceano voltaria a atacar esta praia destruindo o esporão existente a norte da praia, o qual viria de imediato a ser reparado com o lançamento de 5000 toneladas de pedra, enquanto as obras de maior envergadura esperariam até finais desse ano. Em 1972 e 1973, após o sucessivo lançamento de milhares de toneladas de pedra nos pontos mais atingidos da praia do Furadouro, procedeu-se à ‘defesa’ de toda a area balnear e piscatória, mediante a construção de três grandes esporões e um enrocamento frontal de 1300 metros de extensão.
Apesar das obras em pedra entretanto construídas, nos anos que se seguiram, entre 1973 e 1981, continuariarn a manifestar-se frequentes investidas do mar com estragos cada vez mais intensos em toda a costa entre Espinho e o Furadouro, tornando-se bem claro que todo o cenário de destruição intensificado durante esta última década na faixa litoral a sul do Douro estaria, sem dúvida, associado ao projecto de ampliação do molhe exterior do porto de Leixões. Em 1974, em Espinho, o mar fliou a 10 metros das Casas do Bairro Piscatório tendo aluído parte da avenida marginal e em 1978 o pavimento da rua marginal seria arrancado pela força das águas, enquanto a norte da praia muitas casas eram destruídas. Ainda durante o ano de 1978, em Paramos, o mar haveria de galgar o cordão dunar destruindo várias casas de pescadores. O ano que se seguiria seria também de grande destruição por toda a costa de Espinho."
A Praia dos Tubarões, por Álvaro Reis, 2006, p66
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