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sábado, 4 de outubro de 2025

LEITURAS MARGINAIS

DONALD TRUMP DECLAROU QUE OS EUA ESTÃO EM GUERRA
Ricky Hale and Council Estate Media. Trad. O'Lima.


Kevin Siers, Charlotte Observer News and Observer 2022.

Donald Trump distribuiu um memorando ao Congresso afirmando que os EUA estão em guerra com os cartéis de droga, referindo-se à Venezuela.

Trump não especificou com quais grupos os EUA estão em guerra, nem explicou como identificaria os membros desses grupos antes de atacá-los, porque não está em guerra com nenhum cartel. O objetivo é manter essa «guerra» o mais nebulosa possível para Trump poder matar quem quiser.

Eis um excerto do memorando enviado a várias comissões do Congresso: ‘Com base nos efeitos cumulativos desses atos hostis contra os cidadãos e os interesses dos EUA e de nações estrangeiras amigas, o presidente determinou que os Estados Unidos estão num conflito armado não internacional com essas organizações consideradas terroristas. O presidente instruiu o Departamento de Guerra a conduzir operações contra elas, de acordo com a lei do conflito armado.’

Escusado será dizer que não se pode declarar guerra contra civis, apenas contra um Estado ou um grupo armado com características semelhantes às de um Estado. Trump está a tentar contornar esse problema rotulando os chamados cartéis de droga como «terroristas».

«Terrorista» é o rótulo que atribuímos a qualquer pessoa que queremos prender ou matar. Neste caso, Trump quer matar, porque não está a falar de um processo legal.

Como su-blinham os legisladores, não se pode matar civis em solo estrangeiro sem o devido processo legal, independentemente do que se pense que eles estão a fazer. Até agora, Trump já fez explodir alguns barcos de pesca que claramente não eram capazes de chegar às costas dos EUA. Os ataques mataram 17 pessoas e Trump não apresentou nenhuma prova de que fossem traficantes de droga. Trump simplesmente usou a desculpa dos «combatentes ilegais» que os EUA usam quando agem ilegalmente.

A marinha dos EUA poderia ter capturado essas embarcações e confiscado o seu carregamento de drogas, mas não o fez porque as drogas não existiam. Trump sabia que não eram barcos de drogas porque esta «guerra» não é sobre drogas, é sobre provocar a Venezuela a responder. Trump foi gravado a gabar-se: ‘Se tentarem envenenar o nosso povo, vamos acabar com vocês, porque essa é a única linguagem que eles realmente entendem. É por isso que já não se vêem barcos no oceano. Não se vêem barcos ao redor da Venezuela, não há nada.’

O que Trump está a referir aqui são barcos de pesca. Ele aterrorizou os pescadores para que deixassem de exercer a sua atividade. Ele espalhou a fome e o medo ao fazer explodir ilegalmente embarcações pertencentes a outro país. Isso não é apenas um ato de guerra, é um ato de terrorismo.

Trump é um terrorista.

Agora, o terrorista Trump quer atacar o território venezuelano e, independentemente da justificação legal que usar, estará mais uma vez a violar o direito internacional. Estará a cometer atos de terrorismo, ironicamente sob o pretexto de combater o terrorismo.

Embora a lei dos EUA permita ataques contra terroristas no estrangeiro, a verdade é que Trump está a bombardear a Venezuela com o objetivo de derrubar Nicolás Maduro e roubar o petróleo venezuelano — algo que Trump não tem tido vergonha de dizer. Em 2023, durante um discurso na convenção do Partido Republicano da Carolina do Norte, Trump disse: ‘Quando eu saí, a Venezuela estava pronta para entrar em colapso. Nós teríamos tomado o poder. Teríamos conseguido todo aquele petróleo. Estaria bem ao nosso lado. Mas agora estamos a comprar petróleo da Venezuela. Então, estamos a tornar um ditador muito rico. Dá para acreditar nisso? Ninguém consegue acreditar.’

O ex-diretor do FBI Andrew McCabe citou Trump dizendo fora das câmaras: ‘É com esse país que devemos entrar em guerra. Eles têm todo esse petróleo e estão mesmo à nossa porta.’

A Venezuela tem, comprovadamente, as maiores reservas de petróleo do mundo e é isso que atrai Trump à Venezuela, da mesma forma que o dinheiro atraiu Debbie McGhee a Paul Daniels. Trump não pode simplesmente declarar guerra à Venezuela sem o consentimento do Congresso, por isso está a procurar uma solução alternativa. Se Maduro responder aos seus ataques aos «cartéis», Trump terá a desculpa de que precisa para intensificar a situação.

Ou Trump bombardeia a Venezuela com o objetivo de paralisar a sua economia e espera que o povo venezuelano o derrube, ou pode simplesmente perder a paciência e tentar um assassinato. A sua justificação legal será que Maduro era o chefe de um chamado «cartel de drogas» e, portanto, um alvo legítimo.

Dado que bombardear a Venezuela provavelmente irá galvanizar o povo, tal como aconteceu com o Irão, penso que Trump irá, em algum momento, optar por um ataque de decapitação. Só que, independentemente da desculpa que ele usar, assassinar líderes estrangeiros é um crime de guerra e Trump deve ser preso.

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