Cartoon: Vasco Gargalo
- Montenegro anunciou, mas o Governo deixou cair “equipa especializada” que juntaria a PGR e a PJ para investigar incêndios suspeitos. Fonte.
- “Falo-vos, claro, minhas argutas donzelas e perspicazes leitores, de Luís Montenegro, o homem que governa Portugal desde 2024, e que há semanas subiu ao Parlamento para encerrar um discurso com uma citação erudita. Ah, o velho truque da retórica: “como diz Sophia”, proclamou ele, e recitou a frase “Nós somos a memória que temos e a responsabilidade que assumimos”. Bonito, não fosse um pormenor: a frase era de Saramago, nos Cadernos de Lanzarote. Sophia quedou-se muda no jazigo em Carnide, as cinzas de Saramago gargalharam em Lanzarote, e Montenegro saiu como um novo Édipo de São Bento, furando os olhos da cultura sem sequer saber onde estava a faca. (…) Naquele instante parlamentar, o país compreendeu: a confusão não é lapso, é método; a ignorância não é acidente, é programa; e a cultura, se resistir, será apenas por obra e graça do Espírito Santo – e nem sempre Ele está disponível para milagres tão repetitivos. (…) Montenegro (…) proxima-se mais de Pombal quando, ao expulsar os Jesuítas em 1759, entregou a pilhagem das suas bibliotecas à voragem dos ratos e dos alfarrabistas; dos liberais de 1834 que, sob pretexto de modernidade, extinguiram conventos e dispersaram tesouros monásticos inteiros, vendendo incunábulos a peso de papel; dos republicanos iconoclastas de 1910 que, em nome da laicidade, serraram retábulos, destruíram imagens sacras e transformaram claustros seculares em armazéns ministeriais; ou ainda dos censores do Estado Novo, que fizeram da tesoura uma arma contra qualquer ideia demasiado alta. Para cúmulo, não esqueçamos os zelosos burocratas do século XIX que, com diligência de almoxarife, desfizeram códices e pergaminhos medievais como se fossem trastes inúteis, nem a voragem municipal do século XX que, no afã de “progresso”, deixou perder livrarias inteiras dos antigos colégios jesuítas de Coimbra. É essa a marca que Montenegro deseja deixar: não a construção, mas a extinção; não o fomento, mas a erradicação; não a memória, mas o esquecimento. Assim ficará inscrito no panteão da vossa história cultural: não ao lado dos que edificaram universidades, bibliotecas e conservatórios, mas na fileira dos que, por cálculo ou tacanhez, reduziram a pó o património que lhes coube guardar. Por isso, o seu Governo anuncia a extinção do Plano Nacional de Leitura e da Rede de Bibliotecas Escolares. Eis a pedagogia montenegrina: não havendo livros, não há erros de citação; não havendo bibliotecas, não há lapsos de memória; e não havendo leitura, não há risco de pensamento. É um regresso ao Éden, mas sem serpente nem maçã – apenas com a inteligência saloia como árvore da vida.” Brás Cubas, Montenegro, Ventura e o Plano Nacional de Leitura: tragédia em dois actos e nenhum livro – P1.
- Grandes empresas batem recorde de lucros transferidos para o estrangeiro. No ano passado, os principais beneficiários da descida do IRC enviaram 7,8 mil milhões de euros em dividendos pagos aos seus acionistas fora de Portugal. Tirando o ano excecional de 2010, foi o maior valor de sempre. Fonte.
- A Segurança Social não é sustentável, diz o chanceler alemão. Fonte. Claro que não, especialmente após a pipa de massa que aprovaram para apoiar a guerra na Ucrânia.
- Frente digital da UE: Controlo legislativo dos fluxos de informação sob o pretexto do combate à desinformação. Fonte.
- Milena Castro, vereadora do Chega em Benavente, foi condenada por comprar sucata roubada a grupo criminoso liderado por militar da GNR. Fonte.
- A noite de sexta-feira, 22 de agosto, no Campo Pequeno contou não só com a colhida mortal do jovem forcado de 22 anos, Manuel Trindade, mas também com a morte de um espetador que assistiu ao momento. Fonte.
- "Não houve […] teste em que Luís Montenegro tenha passado. Falhou em todos os momentos críticos e decisivos, incluindo os mais previsíveis. Falhou nos períodos tradicionalmente difíceis para as urgências. Falhou na resposta à crise aguda da habitação, que se agravou com as medidas implementadas pelo Governo. Parece encaminhar-se para falhar nas contas públicas, sem que nenhuma melhoria no funcionamento do Estado o pareça justificar. E falhou na reação aos fogos, independentemente das condições estruturais, que não vão mudar. Por ter falhado em tudo é que andamos há meses a falar de imigrantes. Espanta-me que a culpa dos incêndios também não seja deles. Mas o mais estranho para um Governo mais obcecado com as perceções do que com políticas que não sejam, como a contrarreforma laboral, encomendadas por quem diligentemente serve é falhar na capacidade de sentir inquietações mais evidentes do país. O oportunismo eleitoral, que o fez copiar as políticas do Chega, não se traduz numa ligação mais intensa aos sentimentos populares. “O senhor não merece estar aqui”, ouviu Montenegro de uma mulher no funeral de um bombeiro, na Covilhã. Uma frase assassina que já deve estar a fazer Ventura, o único político mais taticista do que Montenegro, vacilar na colagem ao Governo.
- O falhanço comunicacional da Festa do Pontal não foi um deslize. É o estado da arte de um Governo alienado. Daniel Oliveira, Espresso, 22 Agosto 2025
- Dados do próprio exército israelita indicam que a taxa de mortalidade de civis na guerra de Gaza foi de 83%. Fonte.
- Ativistas pró-palestinianos austríacos realizaram um protesto no interior da sede do canal público ORF, em Viena, criticando a sua cobertura não neutra dos ataques de Israel a Gaza. Fonte.
- Polícia acusado de espancamento mortal de imigrante é apoiante do Chega. Mesmo depois de interrogado pelo Ministério Público, um dos agentes acusados de homicídio qualificado em Olhão continuou a partilhar nas redes mensagens que alimentam ódio a imigrantes. Fonte.
- Defensores dos direitos humanos e críticos da administração Trump estão a denunciar o despedimento, pelo Departamento de Estado dos EUA, de um alto funcionário de relações com a comunicação social que alegadamente recomendou "expressar condolências" aos jornalistas mortos pelas forças israelitas em Gaza e redigiu uma declaração articulando a oposição do governo dos EUA ao que equivale a uma limpeza étnica no enclave sitiado. De acordo com o Washington Post, Shahed Ghoreishi, o principal assessor de imprensa do departamento para os assuntos israelo-palestinianos, foi despedido na segunda-feira após uma série de debates internos sobre a forma de caraterizar aspectos da política da Casa Branca relativamente a Gaza, incluindo a publicação de uma declaração que dizia simplesmente: "Não apoiamos a deslocação forçada de palestinianos em Gaza." Fonte.
- A romancista irlandesa Sally Rooney pode ser detida ao abrigo da Lei do Terrorismo, depois de ter dito que tenciona utilizar as receitas da sua obra para apoiar a Palestine Action, que foi proscrita como organização terrorista no Reino Unido no mês passado, alertou um jurista. Fonte.
- Do genocídio para a pista de dança: soldado israelita organiza festival em Portugal. O festival “Anta Gathering” terá lugar no fim de semana perto de São Pedro do Sul, em Anta de Baixo, Manhouce. Campanha BDS apela ao boicote da iniciativa. Fonte.


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