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terça-feira, 8 de julho de 2025

LEITURAS MARGINAIS

INSTITUTO DE TONY BLAIR ENVOLVIDO NO PROJETO RIVIERA PARA LIMPAR ETNICAMENTE GAZA

Ricky Hale, Council Estate Media.


“(…) O mais recente exemplo do imperialismo ocidental é Gaza, que é um belo pedaço de terreno se conseguirmos eliminar os nativos, os escombros e os cadáveres. Documentos obtidos pelo [insuspeitíssimo] FT descrevem uma oportunidade única na vida para transformar Gaza numa sociedade próspera, e não para os habitantes locais, mas sim para os colonizadores. Qualquer pessoa que se preocupasse minimamente com os habitantes locais estaria a opor-se ao genocídio, e não a descrevê-lo como uma oportunidade única na vida. Só um demónio faria isso.

Os autores revelaram o jogo imperialista ao admitir que o plano ‘garantiria à indústria norte-americana o acesso a 1,3 biliões de dólares de minerais de terras raras no Golfo’. A intenção era dividir Gaza numa Riviera de Trump e numa zona de fabrico inteligente de Musk. (…)

O plano foi elaborado pelo Boston Consulting Group com a ajuda do Instituto Tony Blair. De forma perturbadora, discutia a possibilidade de pagar a meio milhão de palestinianos para abandonarem a Faixa de Gaza, na esperança de nunca mais voltarem. Seria oferecida uma indemnização insignificante de 9 000 dólares como compensação para pessoas que sofrem traumas inimagináveis para reconstruir as suas vidas numa terra estrangeira. A pretensão seria que a deslocação fosse voluntária, mas quem é que desistiria do seu país por 9.000 dólares? O plano explicava que, ao dar aos palestinianos esta quantia insignificante, os colonizadores poupariam 23.000 dólares por pessoa. Por outras palavras, seria uma medida de redução de custos e também uma medida para salvar a face.

Segundo as estimativas de Israel, a população de Gaza desceu de 2,3 milhões para 1,9 milhões e, de acordo com estes planos, desceria para apenas 1,4 milhões. Chamem-me cínico, mas duvido muito que a limpeza étnica pare nessa altura. Israel seria recompensado pelo genocídio com o próximo passo do projeto do Grande Israel. É difícil exagerar o quão maléfico isto é, e só realça que Israel é uma colónia de colonos construída em terras roubadas, e que o processo de colonialismo ainda está em curso. Estes demónios estão apenas a procurar formas de fazer com que o colonialismo pareça mais aceitável.

O plano é um sonho libertário, descrito pelo FT como uma "'Riviera de Gaza' com ilhas artificiais ao largo da costa semelhantes às do Dubai, iniciativas comerciais baseadas em blockchain, um porto de águas profundas para ligar Gaza ao corredor económico Índia-Médio Oriente-Europa e 'zonas económicas especiais' com impostos baixos’. O Instituto Tony Blair insistiu que a história estava completamente errada e que não tinha qualquer contributo para o plano, mas o FT apresentou os detalhes de um grupo de mensagens de 12 pessoas que incluía dois membros do pessoal do TBI e um documento não publicado intitulado "Gaza Economic Blueprint". O TBI voltou atrás e afirmou que nunca tinha dito que nunca tinha dado qualquer contributo.

O plano foi partilhado com as administrações atuais e anteriores dos EUA e os documentos apresentavam os logótipos de empresas como a Tesla, a Amazon Web Services, a Ikea e a IHG. Não nos enganemos, o imperialismo ocidental tem fundamentalmente a ver com a conquista do mundo pelas empresas. A guerra e o genocídio são simplesmente oportunidades de investimento para estes monstros.

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