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terça-feira, 20 de maio de 2025

BICO CALADO

  • Mais 5 jornalistas palestinianos mortos em ataques israelitas em Gaza. Fonte.
  • Documentos recentemente desclassificados revelaram que os serviços secretos ocidentais colaboraram secretamente com a Mossad de Israel na década de 1970, fornecendo informações críticas que permitiram o assassinato de activistas palestinianos em toda a Europa, sem qualquer supervisão parlamentar ou escrutínio democrático. A revelação alimentou a preocupação de que acordos semelhantes de partilha clandestina de informações possam estar a facilitar o genocídio de Israel em Gaza nos dias de hoje. Fonte.
  • O regime  de Trump parece estar a lançar as bases para um gulag global para imigrantes expulsos. Para além de utilizar as instalações de detenção de longa data dos EUA na Baía de Guantánamo, em Cuba, o regime de Trump está a procurar locais mais distantes para deter pessoas deportadas, independentemente dos seus países de origem. Os EUA já estão a usar o famoso Centro de Confinamento de Terrorismo, ou CECOT, em Tecoluca, El Salvador, e estão de olho em outros países, incluindo muitos que o Departamento de Estado criticou por abusos dos direitos humanos. Os EUA já exploraram, procuraram ou fecharam acordos com pelo menos 19 países: Angola, Benim, Costa Rica, El Salvador, Eswatini, Guiné Equatorial, Guatemala, Guiana, Honduras, Kosovo, Líbia, México, Moldávia, Mongólia, Panamá, Ruanda, Arábia Saudita, Ucrânia e Uzbequistão. Fonte.
  • “(…) Para quem sabe história é fácil compreender que estes resultados não são novos, mesmo face há um ano ou 10 anos. Que esta tendência vinha desde 2008, que o PS ficou sem Programa, idem para BE e PCP porque o pacto social morreu (pacto entre lucros e salários que durou até 1986), que o país está mais e não menos ingovernável, que o Chega não vai ser solução de governo dando resposta às pessoas, e que esse perigo não existe. Se os sectores keynesianos nada têm a oferecer (PS, Livre, BE e PCP), o que dizer da direita ou do neofascismo? Que salários, habitação, escola, hospitais têm para oferecer? Nada. O perigo do Chega existe e é outro – o da sua associação, alegada, a milícias de extrema direita, como se viu na simpatia dos seus dirigentes pelos agressores no 25 de Abril ou ontem no ataque físico a um autarca do PS por um votante do Chega – vieram para dar porrada. Ontem são os ciganos a levar pancada (que felizmente se defendem, vão chamar quem a polícia? E se o polícia for do Chega?), amanhã serão atacados os grevistas, os trabalhadores organizados. Junta-se um Almirante que se orgulha de ter humilhado os subordinados e não “discorda” da lei que obrigou a ilibar os marinheiro punidos, sem direitos. Este pleno de autoritarismo é o que temos pela frente, o que, para quem sabe história sabe que não é novidade alguma. Marx dedicou um livro a este fenómeno, sobre o golpe de Luís Bonaparte em França contra as revoluções de 1848. A burguesia (proprietários de grandes e médias empresas e Bancos) governa com social democracia e keynesianismo quando pode, quando não pode governa com liberalismo e assistencialismo, e quando a concorrência mundial no mercado a leva a governar sem direitos para quem trabalha chama os capatazes neo-fascistas. É isto que temos pela frente. Só há uma coisa a fazer, coragem e organização. Organizem-se, organizem-se e organizem-se. E auto-defesa de quem trabalha, tal como nos anos 1930 ou em 1974 e 1975. O aparelho de Estado nada está a fazer para proteger-nos da violência. Pelo contrário, podem bater, perseguir, empurrar, ameaçar. Quando em 1975 o Padre Martins era atacado pela extrema-direita na Madeira não chamavam a polícia, de extrema direita, tocavam o sino e os operários da construção civil desciam para proteger a escola, as terras, os líderes. Parece histórico, longe de nós, mas a história está ali, ao virar da esquina. E não se ensina nem aprende em 30 minutos. Pela frente o grande desafio que temos é teórico – como pode ser construído um programa anticapitalista, sem ilusões keynesianas e que oiça e fale com o povo – é organizativo, como construir organizações livres, sem tendências burocráticas e fragmentárias; e claro é também de sobrevivência física. Esta gente veio para “matar”, o que aliás o seu líder, do Chega, ontem disse orgulhoso. Perante os media, felizes a escutá-lo.” Raquel Varela.
  • “(…) Um dia, na antiga feira-popular de Lisboa, enquanto o meu pai pedia umas farturas, eu ia dizendo alto e bom som que a primeira era para mim, passando à frente da minha irmã. O desejo era tal que até comecei a fazer birra. A fartura chegou e o meu pai disse "força, atira-te a ela". Em poucos segundos queimei as mãos, comecei a chorar e aprendi a esperar. (…) Espero, em nome da estabilidade, que Montenegro se deixe de coisas e leve o André para o Governo. Já que é para agarrar, que venha a escaldar.” Tiago Franco.
  • “Muita gente boa sente neste momento vergonha alheia e receio. São dois sentimentos que facilmente se transformam em coisas piores, em desespero e raiva, por exemplo, ou em resignação e apatia. Mas as pessoas boas e solidamente formadas não têm desculpa para perder o controlo ou se deixar derrotar. As pessoas têm de se esforçar mais, de se empenhar mais. Têm, sobretudo, de tirar os valores conquistados há meio século das vitrines e de inventar novas soluções. Não vai ser fácil. Vale a pena? Vale bem a pena, porque a alma não é pequena.” Miguel Szymanski.

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