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sexta-feira, 2 de maio de 2025

BICO CALADO

Foto: Philip Jones/Alamy
  • “(…) No próprio dia da morte do Bispo de Roma, o primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, emitiu uma nota de pesar em nome do governo onde diz que “Francisco foi um Papa extraordinário, que deixa um singular legado de humanismo, empatia, compaixão e proximidade às pessoas” e que “a melhor forma de honrar o seu tributo será seguirmos no dia a dia, nas nossas diferentes atividades, os seus ensinamentos e o seu exemplo”. Dois dias depois o Governo de Portugal anunciou em comunicado que pediu à Comissão Europeia para poder gastar mais dinheiro em Defesa sem que essa despesa conte para os limites do défice. Foi mesmo noticiado que esse pedido tinha sido feito após o maior partido da oposição, o PS, ter dado o seu acordo à iniciativa. (…) Quando Luís Montenegro, diz ao país que devemos seguir os “ensinamentos” e “exemplo” do papa Francisco, numa formulação semelhante à de muitos outros políticos, de André Ventura a Pedro Nuno Santos, está, como todos os autoproclamados admiradores do Papa que defendem a corrida aos armamentos, a ser lamentavelmente hipócrita. Esta gente, que tanto diz venerá-lo e que até insinua ser condenável festejar, durante as exéquias no Vaticano, o 25 de Abril em Portugal, contraria tudo o que Francisco disse, escreveu, pensou e orou. Presidente da República, Presidente da Assembleia da República, primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros vão a funeral do Papa. Porquê? Esta gente trai Francisco, trai a fé católica que bate no peito, nada faz pela paz e até paga, com dinheiro que não há, para poder fazer a guerra. Que vão lá fazer?” Pedro Tadeu, Porque vão ao funeral de Francisco?DN 25abr2025.
  • Infraestruturas críticas: Portugal demorou 3 anos a transpor diretiva de proteção. Diretiva é datada de 2022 mas só foi implementada há pouco mais de um mês. Aprovação de estratégia nacional para as infraestruturas críticas, para setores como a energia, saúde, segurança pública, produção, transformação e distribuição de produtos alimentares só acontece em 2026. Fonte.
  • Com tamanho ruído e propaganda ninguém discute o crime da privatização da REN e a verdadeira razão de faltar a energia com vento, sol e barragens cheias. Não interessa a capacidade de produzir energia com o fornecimento entregue à discricionariedade do mercado e à maximização diária do lucro. Da lição de ontem aprendi que a primeira compra a fazer é um rádio a pilhas e foi bom ter notícias sem Marcelo, Montenegro e cardeais em Roma a enodoarem o televisor. E logo que houve televisão, para comprovar que a Saúde está melhor, vi Montenegro na Maternidade Alfredo da Costa, o principal sítio onde se dá à luz, para receber o homem cuja gravidez se ignorava e de quem foi tão breve o parto que logo saltou para todos os canais televisivos a fazer o puerpério em campanha eleitoral. Atenção, grávidas, mandem engravidar os maridos, para não encontrarem fechadas as maternidades.” Carlos Esperança.
  • Há mais de dez mil faltas injustificadas todos os anos ao Dia da Defesa, diz o JN. Lei prevê coima de 250 euros mas não é aplicada por falta de regulamentação. Governo tenciona mobilizar jovens com abordagem pedagógica. Que tal instituir um prémio para redações subordinadas ao título ‘Como produzir carne para canhão?
  • Dois clientes da empresa familiar de Luís Montenegro aumentaram substancialmente a sua faturação com o setor público em menos de um ano de governo da Aliança Democrática. Entre a tomada de posso do Governo de Luís Montenegro e a dissolução da Assembleia da República, a ITAU e a INETUM ganharam mais de 90 milhões de euros. Fonte.
  • Há 50 anos, o Vietname vencia o Império. Fonte.
  • "A distinção entre o consumidor e o produtor de informação desaparece quando a sua atividade se transforma em dados. Estar em linha é simultaneamente consumir e produzir dados, ou seja, valor. Os utilizadores geram dados através de interações que as plataformas rentabilizam. Este "trabalho" não remunerado é comparável à força de trabalho de Marx, uma vez que os utilizadores produzem valor (dados). Os algoritmos de IA, as infra-estruturas de nuvem e as plataformas digitais são os novos meios de produção e estão concentrados em muito poucas mãos. A extração e a recolha de dados são impulsionadas pelos ditames da acumulação de capital, que, por sua vez, leva o capital a construir e a depender de um universo em que tudo se reduz a dados. Uma vez que os dados que são introduzidos nas máquinas foram submetidos a um processo de abstração preliminar, nada impede que esses dados sejam resultados de ciclos anteriores de produção artificial de informação através de dados. Os dados geram dados que geram dados e assim por diante. Como o capital que rende juros, "uma fonte misteriosa e auto-criadora do seu próprio aumento ... valor auto-valorizante, dinheiro que gera dinheiro", como Marx descreve o processo de financeirização que autonomiza o capital do seu próprio suporte. A acumulação de dados e a acumulação de capital conduziram ao mesmo resultado: o aumento da desigualdade e a consolidação do poder corporativo monopolista. Mas tal como a autonomização do capital, que exclui os investimentos não financeiros, tem um efeito negativo nos setores produtivos, o mesmo acontece com a proliferação de conteúdos de IA em linha. Vários investigadores salientaram que a produção de dados a partir de dados sintéticos conduz a distorções perigosas. Treinar grandes modelos linguísticos com base nos seus próprios resultados não funciona e pode levar ao "colapso do modelo", um processo degenerativo em que, com o tempo, os modelos esquecem a verdadeira distribuição de dados subjacente, começam a alucinar e a produzir disparates. Sem uma entrada constante de dados de boa qualidade produzidos por seres humanos, estes modelos linguísticos não podem melhorar. A questão é: quem vai alimentar textos bem escritos, factualmente corretos e sem IA, quando um número crescente de pessoas está a transferir o esforço cognitivo para a inteligência artificial e há cada vez mais provas de que a inteligência humana está a diminuir?" Laura Ruggeri, O fantasma na máquina. A Inteligência Artificial e a Ontologia Espectral do Valor – Substack.

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