“A concentração geográfica contribuía para acentuar os aspetos da cultura japonesa que favoreciam a solidariedade de grupo. Tendia a preservar o sistema familiar japonês. Tornava possível a continuação de uma vida de grupo altamente organizada (havia 350 organizações japonesas em Los Angeles; 230 em Vancouver). A segregação foi, em parte, responsável pelo “intenso gregarismo” que caracterizava os japoneses da Costa Oeste. O facto de, ao contrário de alguns grupos de imigrantes, os japoneses terem uma cultura homogénea e auto-satisfatória contribuía para os tornar mais satisfeitos com o mundo restrito em que viviam. As suas organizações altamente centralizadas não só os ajudavam a criar um mundo socialmente satisfatório, como também lhes permitiam competir eficazmente, mas eram imediatamente denunciados como sinistros e conspiradores. Uma vez que a sua vida de grupo era tão bem organizada, podiam pedir ajuda aos cônsules; e cada intervenção dos cônsules agravava ainda mais o preconceito contra eles.
Os padrões assim estabelecidos tendiam a persistir, pois criavam pelo menos um mundo tolerável no qual os imigrantes podiam existir. Embora Little Tokyo fosse um gueto, não deixava de ser o melhor gueto da Califórnia. Os seus residentes eram obviamente a minoria de cor mais próspera do estado. As minorias na Califórnia sempre tenderam a organizar-se numa ordem hierárquica: Índios, mexicanos, filipinos, negros, chineses e japoneses (em escala ascendente). Em 1920, os japoneses tinham-se tornado a burguesia dos grupos minoritários.”
Carey McWilliams, Prejudice Japanese Americans: Symbol of Racial Intolerance – Little, Brown and Company 1944, pp 85-86. Trad. OLima 2025.

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