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quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

BICO CALADO

  • “A Liga Anti-Difamação publicou uma declaração defendendo o uso de saudações nazis por Elon Musk no comício de tomada de posse de Donald Trump, dizendo que ele ‘fez um gesto estranho num momento de entusiasmo, não uma saudação nazi’, e dizendo que todos deveriam ‘respirar fundo’ sobre a controvérsia e dar a Musk ‘o benefício da dúvida’. (…) A ADL diz a toda a gente para acalmar os ânimos sobre o facto de Elon Musk ter feito saudações nazis num evento político, o que deveria ser o último prego no caixão da narrativa do ‘antissemitismo’. Não vai ser, mas devia ser. Isto torna tão óbvio que grupos como a ADL não existem para travar a discriminação contra os judeus, existem para promover os interesses geopolíticos e militares de um estado de apartheid no Médio Oriente. É por isso que os vemos gastar 99% da sua energia a gritar sobre apoiantes de alto nível dos direitos humanos dos palestinianos, como Jeremy Corbyn e Greta Thunberg, e quase nenhuma energia a concentrar-se nos verdadeiros supremacistas brancos anti-semitas que querem fazer mal aos judeus. (…) Não há uma crise de antissemitismo na nossa sociedade. Isso é uma mentira. Uma mentira que tem sido cinicamente promovida por instituições como a ADL para impedir as críticas às atrocidades genocidas cometidas por um Estado tirânico do apartheid. Não me interessa particularmente o facto de Elon Musk ter feito claramente saudações nazis. Acabámos de passar 15 meses a ver o império dos EUA a levar a cabo um genocídio transmitido em direto e Elon Musk é um dos gestores desse império. Fazer saudações nazis é apenas uma forma de embrulhar o produto.” Caitlin Johnstone, Fanatismo religioso insano é um requisito para os gestores do império americanoSubstack.
  • “Eleito depois do que aconteceu a 6 de janeiro de 2021, controlando o Senado e a Câmara, com uma inédita inimputabilidade oferecida pelo Supremo, Trump não tem consigo apenas os homens mais ricos do mundo. Isso não seria novo. Tem os homens que podem moldar a verdade. Os engenheiros das almas do século XXI. O que aconteceu na segunda-feira [20jan2025] não foi a repetição de 2016. Foi uma mudança de regime. Os tímidos limites que a democracia ainda impunha aos mais poderosos cairão. Para gozarem essa nova ‘liberdade’, eles só têm de se vergar perante o imperador.” Daniel Oliveira.
  • Miguel Arruda, deputado do Chega, alvo de buscas por roubo de malas em aeroportos. Fonte.
  • “Há dois problemas verdadeiramente importantes aqui. O primeiro é que o Chega Açores passa a vida a cascar no prejuízo da Sata. Percebemos agora que parte desse prejuízo foi feito a pagar as malas que o Arruda palmou. O outro, pelo menos para mim, é que percebi o slogan eleitoral do Chega com uns meses de atraso. ‘Limpar Portugal’ já estava ótimo, agora que está em execução, e bem, eu acrescentaria apenas ‘uma mala de cada vez’. Tiago Franco.
  • “Em 1961, era eu assistente no departamento de Geologia da Faculdade de Ciências de Lisboa, a acompanhar os trabalhos de campo de um grupo de finalistas, na região de Ponte de Sor, hospedados na então Pensão da Ponte. Intrigado pela nossa presença na vila, o comandante da Guarda quis conhecer-nos e investigar a razão da nossa estadia ali. (…) Entre as coisas que nos contou, dando-se sempre ares de importância e de poder, fixei, para não mais esquecer, a descrição que fez do seu modo de obter confissões dos suspeitos sob sua alçada. ‘Mando-os arregaçar as calças acima dos joelhos e faço-os ajoelhar em cima de sal grosso que deito no chão. Se eles fazem menção de sair do sítio, mostro-lhos o cavalo-marinho, primeiro, e se insistirem, arreio-lhes forte. O sal começa a meter-se na carne e eles aí estão a chorar e a confessar tudo. Até, confessam o que não fizeram.’ ‘Filho da puta!’, disse para mim.” António Galopim de Carvalho, A tortura do sal.
  • DE COMO O MELRO QUE CANTA TAMBÉM LUTA. Sobre o livro de Raquel Varela, O Canto do Melro, por Mário Tomé, capitão de Abril.

  • “Macron e Costa alinhados no reforço da vigilância policial com IA. Na versão aprovada no Conselho da UE e que entrará em vigor já a 2 de fevereiro, os governos passam a poder usar ferramentas de IA que permitem seguir cidadãos em espaços públicos em tempo real, usar tecnologia de reconhecimento facial sobre suspeitos com base nas suas opções políticas ou religiosas ou monitorizar refugiados nas zonas fronteiriças. O reforço do poder das forças de segurança para vigiar cidadãos foi uma das alterações feitas nestas reuniões à porta fechada, num esforço liderado pela França e seguido por outros governos, incluindo o português, na altura liderado por António Costa. Embora o uso de AI nos espaços públicos seja proibido neste regulamento, com a versão original a prever apenas o uso por parte dos militares, o governo de Macron conseguiu alargar essa exceção para todas as forças de segurança, desde que invocadas razões de ‘segurança nacional’, o que abre a porta à vigilância de manifestações com estas ferramentas. A nova versão alarga ainda estas exceções a entidades privadas e até a estados terceiros. ‘A França poderá por exemplo pedir ao governo da China que use os seus satélites para fazer imagens e depois vender esses dados ao governo francês’, afirmou sob anonimato um jurista do Partido Popular Europeu, que defende que este artigo do regulamento ‘vai contra todas as Constituições, contra os direitos fundamentais e contra a lei europeia’. E também vai contra decisões tomadas pela justiça europeia, como no caso em que empresas de telecomunicações francesas foram condenadas por guardarem dados de clientes alegando razões de segurança nacional. Fonte.

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