Os Orangemen
católicos do Togo e outros conflitos que conheci (13)
“O discurso durou
apenas seis minutos (ela nunca fala mais do que isso, exceto na
abertura do Parlamento. A sua equipa deixou claro que seis minutos
era o máximo absoluto). Continha muito do discurso habitual sobre a
história das nossas nações e a importância de um novo futuro
baseado na cooperação. Mas depois dirigiu-se diretamente a
Rawlings, elogiando as suas realizações no sentido de levar o Gana
para o caminho da democracia e da estabilidade económica. (...)
Mas
havia uma bicada escondida:
No próximo ano, Sr.
Presidente”, entoou a Rainha, ‘V. Exa. abandonará o cargo apósdois mandatos, de acordo com a vossa Constituição’.
A Rainha prosseguiu
desejando eleições pacíficas e mais progressos, mas foi abafada
pelos gritos de “ouvi, ouvi” e pelo agitar dos papéis de ordem
das bancadas, bem como pelos aplausos da galeria do público. (...)
A
Rainha parou por um momento. Olhou com perplexidade e preocupação
para a algazarra à sua volta. A Rainha não tem experiência de
falar para nada para além de um silêncio abafado e respeitoso. Mas,
à exceção de alguns rostos sombrios nas bancadas do governo, era
uma algazarra alegre e ela prosseguiu até ao fim do seu discurso.
Quando regressámos
ao Labadi Beach Hotel, Robin Cook estava completamente furioso.
Entrou de rompante no escritório privado improvisado, instalado em
dois quartos de hotel.
'Que desastre. Quem é que escreveu
aquilo?
'Err, fui eu, Secretário de Estado', disse eu.
'Você,
Sr. Murray! Eu devia ter adivinhado! Quem é que o aprovou?'
'Foi
o senhor.'
'De certeza que não!'
'Sim, Secretário de
Estado. Aprovou o texto final ontem à noite'.
O seu secretário
particular teve de ir buscar a cópia do texto que ele tinha
assinado. Acalmou-se um pouco e foi ainda mais apaziguado quando o
robusto secretário de imprensa da Rainha, Geoff Crawford, disse que
era de opinião que era bom que a Rainha fosse vista a defender a
democracia. Só podia ficar bem na imprensa britânica. Ele provou
ter razão”.
Craig
Murray, The Catholic Orangemen of Togo and Other Conflicts I Have
Known (2008) –Atholl 2017, pp 191-193.
Sem comentários:
Enviar um comentário