White Trash - A história não contada de 400 anos de classes na América (29)
“Foi Albert Priddy que chamou aos brancos pobres da Virgínia 'a classe de brancos anti-sociais do Sul, sem dinheiro, ignorantes e sem valor'. Era o superintendente da Colónia Estatal para Epilépticos e Deficientes Mentais em Lynchburg, Virgínia. Ajudou a criar o melhor caso de teste legal para a esterilização, um caso que subiu ao Supremo Tribunal em Buck v. Bell (1927). Priddy começou a elaborar o seu caso em 1916, tendo como alvo as prostitutas. Recrutou especialistas de topo em eugenia, incluindo dois colegas de Davenport com ligações ao Eugenics Record Office e à Carnegie Institution de Washington. Priddy também teve o apoio da Faculdade de Medicina da Universidade da Virgínia, que assumiu a liderança na ciência eugénica e nas políticas públicas. O reitor Harvey Ernest Jordan via a Virgínia como o 'laboratório perfeito' para comparar as melhores (as famosas 'Primeiras Famílias' da Virgínia) e as piores reservas de brancos pobres. Em 1912, ele propôs testes de inteligência para crianças brancas, negras e mulatas. Encontrou uma forma de perverter o significado de uma frase clássica do fundador da universidade, Thomas Jefferson, transformando-a num disparate eugénico: 'O homem não tem um direito inalienável à liberdade pessoal ou reprodutiva se essa liberdade for uma ameaça para a sociedade.' Os direitos inalienáveis eram agora os privilégios herdados das classes superiores, aquilo a que Jordan chamava os ‘puro-sangue humanos' da América.”
Nancy Isenberg, White Trash – The 400-year untold history of class in America. Atlantic Books 2017, p 200. Trad. OLima, 2024.
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