Lagoa Informa 29ago2024.
- O MPPM teve acesso a informações credíveis que dão conta que o navio de pavilhão português Kathrin (IMO 9570620, MMSI 255806285) registado no MAR – Registo Internacional de Navios da Madeira e que nesta altura navega junto ao Cabo da Boa Esperança, transporta material militar com destino a Israel. A confirmar-se, esta notícia reveste-se da maior gravidade e exige um esclarecimento peremptório e detalhado da parte do Governo Português. Fonte. Os media de reverência preferem esbracejar e fazer ruído a propósito de um terramoto ao largo de Sines e que não provocou nada de especial, a não isso mesmo, ruído.
- “(…) No Terreiro do Paço e no Carmo ocorreu o que jamais teria acontecido se o 25 de Abril fosse um mero golpe de Estado, ou um pronunciamento militar, uma mera criação de uns deuses — generais na versão mais comum — a entrada do povo e a transformação do golpe em revolução. E essa heresia foi determinada por Otelo e assumida por Salgueiro Maia. A ordem, a reconstrução, ocorreria a 25 de Novembro de 1975.” Carlos Matos Gomes, O terramoto — O Cândido de Voltaire e a revolução portuguesa á luz do cânone ocidental – Medium.
- “(…) O que está em jogo nas eleições nos Estados Unidos é uma disputa entre oligarquias. Não entre princípios Democratas e Republicanos. (…) O sistema republicano dos Estados Unidos foi desde o início capturado por corporações de interesses e estas pelos seus elementos vitoriosos, os multimilionários, que através de doações pagam as eleições dos que vão para a arena combater pelas suas cores, os jóqueis que montam os seus cavalos. Os representantes que se apresentam a eleições ou são muito ricos, ou são sponsorizados por muito ricos. (…) A surpresa de um Kennedy, Robert F. Kennedy, filho de Robert Kennedy e sobrinho de John Kennedy ter anunciado o apoio a Trump é muito mediática, mas está dentro da normalidade do sistema. Essa surpresa, uma construção apelativa para as redes sociais, silencia muito passado. A ideia dos Kennedy liberais e democratas é uma construção. O fundador da dinastia, Joseph P. Kennedy, fez a primeira fortuna como investidor no mercado de ações, passou os lucros para o investimento no imobiliário. Durante a Primeira Guerra Mundial, foi administrador de um grande estaleiro e conheceu Franklin D. Roosevelt, que era secretário adjunto da Marinha. Na década de 1920, Kennedy obteve enormes lucros reorganizando e refinanciando vários estúdios de Hollywood; por fim ainda aumentou a fortuna com direitos de distribuição de uísque escocês e tráfico nos tempos da lei seca, de onde vem a ligação à Mafia, que dominava este negócio. Foi o primeiro presidente da Comissão de Valores Mobiliários (SEC), mais tarde dirigiu a Comissão Marítima, que mediava os fabulosos negócios da construção naval para a marinha americana. Roosevelt nomeou Kennedy como embaixador dos Estados Unidos no Reino Unido e mal chegado fez um devastador discurso às elites inglesas no Clube Pilgrim, criticando a democracia inglesa e dizendo aos estupefactos aristocratas que geriam os negócios e a política que era do interesse americano manter-se neutral em qualquer conflito em que a Grã-Bretanha se envolvesse com a Alemanha e que os Estados Unidos olhavam agora para a Grã-Bretanha olhos nos olhos, de igual para igual o que nunca ocorrera no passado. Disse aos ingleses que não via com bons olhos que um regime anticomunista e capitalista como era o britânico combatesse um regime anticomunista como era o nazi de Hitler. Os inimigos dos nossos inimigos são nossos amigos. Pragmático, nada de valores democráticos, defesa da liberdade e a tretas do costume para angariar votos e voluntários para a tropa, a deles. Os Kennedy são democratas porque calhou o pai ser apoiado por Roosevelt, um político democrata, para os seus negócios. Os Kennedy representam nos Estados Unidos um típico percurso de emigrantes de sucesso, que um autor classificou de “De Corsário à Máfia e ao Poder”. O percurso de Trump é o mesmo. Este Kennedy que se alia a Trump causa estranheza porque estraga a imagem das famílias “aristocratizadas” da costa Leste dos Estados Unidos aparecendo como auxiliar de uma figura grotesca como é Trump. Mas o pai de Trump seguiu o mesmo percurso de Joseph Kennedy, incluindo a passagem por negócios de duvidosa limpeza, no caso dele o dos cabarés e da prostituição. (…) O que está em jogo nesta transferência de um Kennedy para o republicanismo tem a ver com interesses da fação dos oligarcas americanos mais interessados no mercado global interno do que no mercado global planetário, que os oligarcas democratas tradicionalmente defendem. (…)” Carlos Matos Gomes, Robert P. Kennedy apoia Trump – Medium.
- Nesta noite de 23 para 24 de Agosto de 1974, o proprietário francês da Sogantal, uma fábrica têxtil no Montijo, Portugal, invadiu a fábrica ocupada pelas trabalhadoras há 1 mês, acompanhado de um comando de 20 mercenários, com a intenção de retirar a maquinaria e as mercadorias. Os populares do Montijo notaram as movimentações estranhas e no fim da tarde do dia 24 houve uma concentração de operárias e populares à porta da fábrica. Forçaram a entrada nas instalações e avançaram sobre o grupo de homens trazidos pelo patrão, que foram protegidos pela GNR da fúria dos manifestantes. Os mercenários abandonaram a empresa protegidos por tropas no meio de apupos e insultos dos populares. "A partir dessa altura começámos a dormir dentro da fábrica. Fazíamos piquetes, enquanto umas ficavam na fábrica outras iam vender a produção a diversas empresas e escritórios pelo país. Levávamos comunicados para divulgarmos a nossa luta e, nisso, éramos apoiadas pelos outros sindicatos. E esse dinheiro dava para pagar os salários. Conseguimos manter a fábrica durante mais de 1 ano e, entretanto, surgiu a hipótese da auto-gestão, ou seja, outras empresas darem-nos trabalho e nós utilizarmos a fábrica para produzir." Entre as mudanças radicais destacam-se as seguintes: supressão das cadências e dos horários obrigatórios; abolição das hierarquias; igualização dos salários; rotação das tarefas, inclusive de direcção e a decisão de encetar a venda directa da produção. Estas decisões foram tomadas em assembleias gerais que se reuniam regularmente. A comissão de trabalhadores era também de composição rotativa. Isto permitiu às operárias lutarem pela sua libertação também fora do trabalho, contra a autoridade do marido e da família. Fonte.
- O fundador do Telegram, Pavel Durov, foi detido em França numa manobra legal que parece ter a intenção de atacar uma das aplicações onde melhor podemos acompanhar vários conflitos, com canais de lados opostos, e que põe em causa muitas vezes a narrativa ocidental. E a Ucrânia aprovou no parlamento a ratificação do Tribunal Penal Internacional mas com uma excepção que está a deixar muitas organizações humanitárias de pé atrás: durante sete anos esse mesmo tribunal não poderia julgar cidadãos ucranianos por crimes de guerra. BrunoCarvalho.
- A detenção do jornalista Richard Medhurst, que tem sido um dos mais fervorosos críticos do genocídio em Gaza e do Estado de apartheid israelita, no aeroporto de Heathrow faz parte da marcha constante para a criminalização do jornalismo, algo que todos nós, incluindo Medhurst, compreendemos estar no cerne da longa perseguição a Julian Assange. (…) Depois de ter sido detido por seis polícias, de lhe ter sido apreendido o equipamento eletrónico e de ter sido interrogado, foi colocado na solitária durante quase 24 horas. Foi libertado sob fiança antes da acusação. Permanecerá sob investigação durante pelo menos 3 meses e enfrenta a perspetiva de ser acusado de uma infração que pode implicar uma pena de prisão até 14 anos. Esta detenção tem por objetivo paralisar o seu trabalho e o trabalho de todos os que denunciam Israel pelo seu massacre em massa. É um aviso ameaçador para todos os que defendem os direitos dos palestinianos. Foi concebida para ter um efeito inibidor sobre as reportagens que elucidam a campanha genocida de Israel em Gaza e, cada vez mais, na Cisjordânia, bem como a colaboração ativa dos governos dos EUA e do Reino Unido neste extermínio do povo palestiniano. A detenção de Medhurst não tem nada a ver com a luta contra o terrorismo, pelo menos para aqueles que ainda acreditam que o jornalismo não é terrorismo. Se não nos opusermos vigorosamente à detenção de Medhurst, se não denunciarmos a utilização das leis do terrorismo para tentar silenciar jornalistas, incluindo o jornalista escocês Craig Murray, o correspondente do Grayzone Kit Klarenberg e o falecido David Miranda, que trabalhava com Glenn Greenwald nos ficheiros divulgados pelo antigo contratante da NSA Edward Snowden, a detenção de Medhurst tornar-se-á a "norma". Chris Hedges, O que penso sobre a detenção de Richard Medhurst – Sheerpost.
- “Em 2018, um grupo de 26 ONG, incluindo a Human Rights Watch, a Amnistia Internacional, a Freedom House, os Repórteres Sem Fronteiras, o Comité para a Proteção dos Jornalistas e outros, condenaram a decisão de um tribunal russo de bloquear o Telegram e apelaram ao governo russo para parar de questionar o trabalho do Telegram. Apelaram à ONU, ao Conselho da Europa, à OSCE, à União Europeia, aos Estados Unidos e a outros governos para que resistam às ações da Rússia e protejam os direitos fundamentais à liberdade de expressão e à privacidade. Apelaram também às empresas de Internet para que resistam a pedidos infundados e ilegais que violem os direitos dos seus utilizadores.Exigiram que o governo russo garantisse o direito dos utilizadores da Internet de publicar e visualizar anonimamente informações em sites, sublinhando que quaisquer restrições devem ser sancionadas pelos tribunais e cumprir integralmente as disposições da Convenção Europeia dos Direitos Humanos. Durov permaneceu livre durante todo esse tempo [na Rússia] e continuou a desenvolver o Telegram. Acham que desta vez eles apelarão a Paris para exigir a libertação de Durov, ou preferirão engolir a língua?” Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, sobre a prisão na França de Pavel Durov.
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