"Foi na tarde de 13 de julho de 1975 que Rio Maior deu o tiro de partida para o ‘Verão Quente’. O clube local disputava um amigável com o Vitória de Setúbal, para angariação de fundos. Meia cidade estava no jogo. De Alpiarça, Almeirim e redondezas eram esperados militantes e dirigentes do PCP para uma reunião no Grémio da Lavoura. No concelho fora posto a correr que o partido iria ocupar aquele organismo corporativo herdado do fascismo. Era boato, mas a crendice fora alimentada a rédea solta por relatos das ocupações a Sul. ‘Fomos de aldeia em aldeia, de porta em porta, mobilizar o povo contra os comunistas’, recorda Joaquim Nazaré Gomes, fundador da associação que, mais tarde, gerou a poderosa Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP). Nela fez história José Manuel Casqueiro, antigo funcionário do Centro da Reforma Agrária. (…)
Na liça entraram paus, forquilhas e foices. As sedes do PCP e da Frente Socialista Popular (FSP), força política nascida de uma dissidência do PS, foram esventradas e o recheio queimado na rua. Os monárquicos do PPM louvaram o sucedido. As ações, escreveram em comunicado, eram formas de luta por ‘um Portugal verdadeiramente livre e próspero’."
Miguel Carvalho, Quando Portugal ardeu (2017) – Oficina do Livro 2022, pp 122-123.
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