domingo, 9 de junho de 2024

BICO CALADO

  • “A notícia de que houve buscas a Marta Temido, candidata às eleições europeias, a poucos dias das eleições e em plena fase crucial da campanha, por causa do chamado ‘caso das gémeas’, mostra, sem margem para dúvidas, como responsáveis do Ministério Público não se coíbem de mostrar poder. De facto, trata-se de uma mera exibição de poder; na verdade, mais do que isso, uma demonstração de poder político que tem pouco que ver com a justiça. Bendita a hora em que assinei o chamado ‘manifesto dos 50’, agora muito mais necessário do que nunca, porque o justicialismo, a forma de abuso de poder no aparelho de justiça, comunica diretamente com o populismo, a jusante e a montante. Isto é bem evidente. (…) Não é preciso ser jurista para perceber que o chamado “processo das gémeas” é uma fantochada. Acho que nunca usei esta palavra num artigo, fantochada. (…) Só sei que duas entidades abocanharam o caso: o MP e o Chega. Ambos sabem que não vai haver nada mais do que uma condenação ética pelos favores, que já existe. Como já escrevi, o Presidente devia ter matado o caso admitindo que talvez tudo não tivesse sido feito como devia, mas que ficara sensibilizado pela sorte das meninas, porque, mesmo podendo não ter tido interferência direta na cunha, ela passou pela Presidência (…) Claro que isso não calaria os profissionais da indignação que nunca, jamais, em tempo algum, meteram uma cunha, mas talvez levasse os justicialistas do MP a ocupar-se de crimes a sério e não a alimentarem esta fantochada, repito. Agora, ir realizar buscas a uma candidata eleitoral a dias das eleições com o mais que débil pretexto devia levar a inscrever a letras de ouro no edifício da procuradoria o manifesto dos 50. Mas como é muito longo, bastava inscrever: ‘Aqui praticam-se abusos de poder sem lei e razão contra a democracia.’ Agora processem-me.” José Pacheco Pereira, Eu não desejava acreditar, mas acredito mesmo – Público 8jun2024.
  • A autarquia de Oeiras é acionista de referência da Taguspark e possui um departamento municipal de promoção ao investimento, mas achou por bem ‘apadrinhar’ uma associação privada criada por Martins da Cruz – ex-ministro dos Negócios Estrangeiros e colega de Isaltino Morais no Governo de Durão Barroso – e por Tiago Sousa Dias, que era, à data da escritura, secretário-geral do Chega. Apadrinhar é uma força de expressão, porque em cerca de um ano, a Oeiras Valley Investment Agency (OVIA) – que até usa um logótipo similar ao da autarquia – já recebeu sede, computadores, material de escritório e agora um ‘presente’ de 350 mil euros, aprovado em tempo recorde esta quarta-feira, para satisfazer sobretudo os salários dos administradores. Mas o mais impressionante, na breve história desta associação privada, são as pessoas que se encontram neste (pequeno) meio: uma das administradoras da OVIA é filha do arquitecto Tomás Taveira, que, por sua vez, é avençado da autarquia desde 2018; e o presidente da assembleia geral é o histórico socialista José Lamego. P1.
  • O que falta para chamar Zelensky de ditador? Em 2014, um golpe de Estado derrubou o presidente ucraniano eleito. Desde então, partidos de oposição foram banidos, censura e repressão aumentaram, e grupos neonazistas ascenderam. Ainda assim, a Ucrânia é considerada uma democracia por líderes ocidentais. Eduardo Vasco, Outras Palavras.
  • ONU coloca Israel na lista negra de quem viola direitos das crianças em conflitos. António Guterres confirmou esta sexta-feira ao representante de Israel nas Nações Unidas que o seu país constaria da lista. Netanyahu respondeu que a ONU “colocou-se hoje na lista negra da história, quando se juntou àqueles que apoiam os assassinos do Hamas”. Fonte.

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