Recortes de notícias ambientais e outras que tais, com alguma crítica e reflexão. Sem publicidade e sem patrocínios públicos ou privados. Desde janeiro de 2004.
quinta-feira, 21 de março de 2024
BICO CALADO
“(…) No milhão de eleitores do Chega, mistura-se quem
está do lado do explorador e do explorado, há muito antigo emigrante ilegal que
hoje ataca os imigrantes, e há quem grite contra a corrupção, mas que, como
acontecia com Berlusconi em Itália, inveje o “empreendedorismo” de corruptor e
corrompido. (…) Esta viragem à direita é tudo menos inédita. Lembremo-nos do
que foram os anos 1980, a cultura furibundamente antirrevolucionária,
anticomunista e antidescolonizadora (que defendia a continuidade da dominação
colonial e racial), numa reação contra a herança do 25 de Abril, que, também então,
deu vitórias eleitorais à AD (1979-83) e a Cavaco na sua fase hegemónica
(1987-95). Os 54,7% que toda a direita juntou agora em Portugal (sem contar com
a emigração) é inferior aos somatórios de 1987 (55,6%) e 1991 (57,3%), e
superam por pouco os 52,5% de 2011, com Passos Coelho. Todas aquelas direitas
foram um dia derrotadas. E estas sê-lo-ão também.Demorará tempo, custará, como
sempre, muito trabalho e muita luta, mas essa é a tarefa de quem, nas
esquerdas, nos sindicatos e nos movimentos sociais, saiba juntar politicamente
os milhões de nós que queremos defender democracia, direito ao trabalho, à
saúde e à educação pública e gratuitas, à habitação, e liberdade. Ou julgarão
eles que o 25 de Abril caiu do céu?!"Manuel Loff, Barganha– Público 20mar2024.
“É evidente que temos de respeitar democraticamente um
milhão e 109 mil votos que o partido de André Ventura recebeu, mas também
devemos respeitar o facto de mais de 8 milhões de portugueses não terem votado
nas ideias dele. Aceitar sem combate político vigoroso, intenso, sim, mas
correto, decente e esclarecedor o crescimento das ideias do Chega mais
perniciosas para o justo equilíbrio democrático português é desrespeitar a
maioria dos portugueses - e, portanto, ceder às reivindicações do Chega mais
corruptoras da arquitetura do Portugal constitucional é trair a vontade de 8 em
cada 9 portugueses com capacidade eleitoral, é desrespeitar uma imensa maioria
que não manifestou apoio a um partido que já prometeu “acabar com o regime”. O
Chega deve ter todo o acesso ao poder político que a Constituição lhe dá e que
a Justiça lhe permite - a grande votação que conquistou dá-lhe esse direito,
mas não deve ter nem mais um milímetro para além desse espaço, e qualquer
cedência para além disso, qualquer ato que amplifique, para lá do necessário e
legítimo, a sua influência é, simplesmente, uma traição à maioria dos
portugueses. Se Luís Montenegro o fizer não atraiçoa apenas uma promessa
eleitoral, falseia o sentido de voto dos portugueses que o fizeram na AD, dos
outros que votaram em todos os outros partidos menos no Chega, dos que votaram
em branco ou dos abstencionistas: nenhum desses portugueses, 88% do universo
eleitoral, manifestou-se no sentido de mudar o regime saído do 25 de Abril, ao
contrário dos 12% de portugueses eleitores que votaram em André Ventura (e
estou a presumir que todos eles querem isso, o que é muito discutível). O
principal problema da política em Portugal não é, portanto, André Ventura, é a
ineficácia do combate às suas ideias e às suas táticas políticas, é a cedência
ao seu projeto - e aí a responsabilidade não é dele. (…) O principal problema
político de Portugal não é André Ventura e o seu milhão e tal de votos. O
principal problema político de Portugal é os restantes 8 milhões de portugueses
que não votaram no partido que ele lidera não estarem convencidos de que o
combate democrático ao Chega é uma questão vital, de sobrevivência, de
viabilização de uma 'República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana
e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e
solidária' (...)" Pedro Tadeu, O principal problema é André Ventura? - DN
20mar2024.
O genro de Donald Trump, Jared Kushner, defendeu a
limpeza étnica da Faixa de Gaza durante uma entrevista na Universidade de Harvard
em 15 fevereiro de 2024. Contextualização e pormenores no Guardian.
"Já leu, ouviu e viu inúmeras histórias sobre a suposta
interferência chinesa no Canadá, mas quantas vezes é que os media dominantes
mencionaram a subversão canadiana noutros países? Não acredita que o Canadá faz
isso? Eis alguns exemplos. Em 2004, os EUA, a França e o Canadá invadiram o país
para derrubar o governo eleito do Haiti. A eleição de René Préval dois anos
depois reverteu parcialmente o golpe, mas os EUA e o Canadá reafirmaram o seu
controlo após o terramoto de 2010, intervindo para tornar Michel Martelly
presidente. Este facto deu início a mais de uma década de governo do PHTK. Após
o assassinato do presidente Jovenel Moïse, em meados de 2021, o Grupo Central
liderado pelos EUA e pelo Canadá escolheu Ariel Henry para liderar o país,
contra a vontade da sociedade civil. Um sinal da decadência política do Haiti é
o facto de, em 2004, haver 7 000 funcionários em cargos eleitos, enquanto hoje
não há nenhum. Na passada sexta-feira, o antigo presidente hondurenho Juan
Orlando Hernandez (JOH) foi condenado por um júri de Nova Iorque por acusações
de tráfico de droga. JOH tornou-se presidente depois de Ottawa ter apoiado
tacitamente a destituição do presidente social-democrata Manuel Zelaya pelos
militares. Antes da sua destituição em 2009, os funcionários canadianos
criticaram Zelaya e, posteriormente, condenaram as suas tentativas de regressar
ao país. Não tendo suspendido o seu programa de treino militar com as Honduras,
o Canadá foi também o único grande doador das Honduras - o maior beneficiário
da assistência canadiana na América Central. Seis meses mais tarde, Ottawa
apoiou uma farsa eleitoral e a subsequente eleição de JOH, marcada por
substanciais violações dos direitos humanos. JOH desafiou então a constituição
hondurenha para se candidatar a um segundo mandato, que o Canadá apoiou. Há
também uma ligação direta entre o golpe de Estado apoiado pelo Canadá em 2014
na Ucrânia e a invasão devastadora da Rússia. Ottawa desempenhou um papel
significativo na desestabilização de Victor Yanukovich e na expulsão do
presidente eleito. A expulsão de Yanukovich impulsionou a tomada da Crimeia por
Moscovo e uma guerra civil no Leste, que a Rússia expandiu maciçamente há dois
anos. Num episódio simbólico da influência e interferência canadianas, o
primeiro-ministro do Peru, Alberto Otárola Peñaranda, interrompeu a sua viagem
à conferência da Prospectors & Developers Association of Canada, em
Toronto, na semana passada, para se demitir. Envolvido num escândalo de
corrupção e casos amorosos, Peñaranda tornou-se primeiro-ministro após a
destituição, em dezembro de 2022, do presidente Pedro Castillo. Ottawa apoiou o
governo "usurpador" que suspendeu as liberdades civis e enviou tropas
para as ruas. O embaixador do Canadá no Peru, Louis Marcotte, trabalhou
arduamente para reforçar o apoio ao governo de substituição através de uma
série de reuniões e declarações diplomáticas. A intervenção do Canadá para
minar a democracia palestiniana também permitiu a campanha de massacre e fome
em massa de Israel em Gaza. Depois de o Hamas ter vencido as eleições
legislativas em 2006, o Canadá foi o primeiro país a impor sanções contra os
palestinianos. O corte da ajuda e a recusa de Ottawa em reconhecer um governo
de unidade palestiniano foram concebidos para semear a divisão na sociedade
palestiniana. Contribuiu para estimular a luta entre o Hamas e a Fatah. Quando
o Hamas assumiu o controlo de Gaza, Israel utilizou esse facto para justificar
o seu cerco à faixa costeira de 360 Km2 e uma série de campanhas mortíferas que
causaram a morte de 6.000 palestinianos antes de 7 de outubro. Embora os media tenham relatado as histórias acima
referidas, recusam-se a discutir o papel negativo de Ottawa." Yves Engler, Por
favor, ignorem a nossa subversão lá. Concentrem-se na 'interferência' deles aqui - Dissident Voice.
Guterres, a ONU, a força, a esperteza dos espertalhões e
o direito. João Carlos Graça, Resistir.
Fraudes a fundos da UE já ultrapassaram 70 milhões de
euros em três anos. Não há registo recente de um valor tão elevado em fraudes
na obtenção de fundos europeus, como o que levou a mais de 80 buscas em todo o
país, entre as quais às residências e escritórios de duas figuras públicas, o
empresário Manuel Serrão e o jornalista da TVI Júlio Magalhães, além de Nuno
Mangas, presidente do COMPETE, o organismo do Governo que gere estes apoios. DN
20mar2024.
Sem comentários:
Enviar um comentário