quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

BICO CALADO

 
  • Aaron Bushnell, um militar ativo da Força Aérea dos EUA imolou-se à frente da embaixada de Israel em Washington D.C.. O militar transmitiu ao vivo a sua aproximação à embaixada, declarando que “não serei mais cúmplice do genocídio”.
  • Dez anos depois de Maidan: Porque é que o Ocidente não admite que o golpe foi baseado numa mentira? Felix Livshitz, SCOTT
  • Os serviços secretos dos EUA não só têm sido fundamentais na tomada de decisões da Ucrânia em tempo de guerra, como também estabeleceram e financiaram centros de espionagem de comando e controlo de alta tecnologia, e já o fazia muito antes da invasão russa de 24 de Fevereiro, há dois anos. NYTimes.
  • A indústria alemã domina o livrinho negro de Ursula von der Leyen. O sector privado, especialmente as empresas alemãs, tiveram acesso privilegiado à presidente da Comissão. GIOVANNA COI e SARAH WHEATON, Politico.
  • "Na passada quinta-feira, pelas 17 horas, um incêndio consumiu por completo dois blocos de habitação ligados entre si no bairro de Campanar, em Valência, onde viviam cerca de 500 pessoas. As chamas propagaram-se a grande velocidade e, em apenas meia hora, atingiram todo o edifício, construído em 2005, quando Rita Barberá, do Partido Popular, era presidente da Câmara Municipal de Valência e Francisco Camps, do mesmo partido, era presidente da Generalitat. Segundo a Polícia Científica, houve cerca de dez vítimas mortais e muitos feridos. (...) O local onde aconteceram estes factos, Campanar, foi historicamente uma zona com um grande tecido comunitário que soube combinar o rural e o urbano. Havia hortas, casas rústicas e outros espaços comunitários que experimentavam de maneira incipiente a soberania alimentar. Em 1897, foi integrado à força para se tornar, juntamente com Poble Nou e Vilanova del Grau, no que é atualmente um bairro. Mais de um século depois, na época da bolha imobiliária, quando os negócios se faziam à base de tijolos e cimento e de chamadas telefónicas, políticos e homens de negócios fixaram o seu olhar no bairro. O modelo urbanístico que o Partido Popular valenciano estava a impor, tanto na Generalitat como na Câmara Municipal, podia resumir-se à seguinte máxima: desinvestir, degradar, expulsar, construir e especular. (...) Algo semelhante aconteceu em Campanar há quase 30 anos: a Câmara Municipal começou a atribuir cada vez menos recursos com o objetivo de degradar o bairro e expulsar os seus habitantes. A isto juntou-se o problema da droga, que contou com a passividade dos líderes populares, que se limitaram a olhar para o outro lado. É foi o caso da zona de Las Cañas, também conhecida como o “hipermercado da droga”, onde um grande número de heroinómanos se reunia diariamente para obter a sua dose. (...) após o processo de desinvestimento, de degradação e de expulsão da classe trabalhadora, foi posta em marcha a segunda parte da operação dos populares: a especulação com o bairro e a sua utilização para fins de promoção. Em 1996, a relativa proximidade do Cabanyal do centro de Valência e a sua boa localização atraíram a atenção de um grupo de construtores, que apresentaram a Rita Barberà a possibilidade de construir um bairro novo e exclusivo que se enquadrasse no projeto de cidade defendido pela então presidente da câmara. (...)foi construída uma enorme quantidade de edifícios no Estado espanhol e também na cidade de Valência, incluindo o edifício que foi arrasado na passada quinta-feira. A empresa responsável por esta construção foi a promotora Fbex, que entrou em processo de insolvência em 2010 porque a sua dívida atingiu os 640 milhões de euros, pelo que todos os imóveis passaram a ser propriedade do Banestro, que tinha financiado parte da obra. (...) O promotor construiu apartamentos novos e reluzentes, mas reduziu os custos ao mínimo. Em seguida, colocou-os à venda por 600 mil euros, numa zona onde um apartamento deste tipo era vendido por cerca de 360 mil euros, apesar da subida dos preços. Porém, era o tempo da bolha e, pouco a pouco, foram comprados por pessoas que pensavam estar a comprar um apartamento de "luxo". Hoje, sabemos que não o eram. (…)” Tomàs P. Alfonso, El Salto. Via Esquerda, trad. de Carlos Carujo.

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