Christopher Lee / Getty Images/Buzzfeed News.
O Azerbaijão não é conhecido pelas suas iniciativas na luta contra as alterações climáticas. Pelo contrário, está historicamente associada ao petróleo. Em 1900 Baku produzia metade do petróleo mundial, e ainda hoje, mais de 90% do total das exportações nacionais consistem em petróleo e gás.
Um “movimento” que em dezembro de 2022 bloqueou o corredor de Lachin em nome da salvação do planeta, exigindo o fim das atividades mineiras em Nagorno-Karabakh não mereceu a intervenção das autoridades, porque os próprios manifestantes eram agentes do governo do Azerbaijão, que bloquearam essa estrada até abril de 2023, altura em que foram substituídos pelo exército do Azerbaijão. Mas em junho de 2023, os residentes da aldeia de Soyudlu protestaram contra as atividades mineiras da empresa britânica Anglo Asian Mining, que poluíam as fontes de água da aldeia e a polícia reprimiu-os e impuseram um cerco à aldeia. Parece que, no Azerbaijão, os falsos ambientalistas são agentes do governo, enquanto os verdadeiros defensores do ambiente são espancados e detidos.
Aliás, Ilham Aliye, Presidente do Azerbaijão desde 2003, tem resolvido conflitos locais através da repressão. Em setembro de 2023, atacou Nagorno-Karabakh, causandocentenas de vítimas e limpando etnicamente Karabakh a sua população indígena.
Para se preparar para a COP29, o Azerbaijão está a eliminar todos os vestígios de jornalismo independente. Tudo para impedir que haja quem relembre que toda a economia do Azerbaijão contribui para as alterações climáticas e não para a resolução do problema. O Abzas Media é um dos poucos media independentes que noticiou a repressão policial em Soyudlu. O seu diretor, Ulvi Hasanli, foi preso em 20 de novembro e “espancado ou maltratado”, segundo a Amnistia Internacional. Ele continua detido. Desde então, outros três jornalistas da Abzas Media também foram presos, bem como Teymur Karimov, diretor do canal independente Kanal11, e Aziz Orujov, diretor do Kanal13. Em 13 de dezembro de 2023, as autoridades prenderam Hafiz Babaly, outro jornalista independente que investigava a corrupção governamental.
Diplomaticamente, o Azerbaijão é bem conhecido pela sua “diplomacia do caviar”: milhões de dólares distribuídos no estrangeiro para comprar influência através dos políticos, o que permitiu “silenciar o Conselho da 'Europa'. Em Julho de 2023, as autoridades do Azerbaijão prenderam o professor de economia Goubad Ibadoghlou, um renomado economista azerbaijano, que ousou pesquisar e escrever sobre a corrupção na esfera política e no setor energético do Azerbaijão.
Vicken Cheterian, A l’encontre.
Sem comentários:
Enviar um comentário