sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Bico calado

  • “Henry Kissinger morreu. O antigo secretário de Estado e conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos foi um dos principais rostos do imperialismo global norte-americano no século XX. Foi responsável pelo massacre de centenas de milhares de pessoas, apoiou e orquestrou golpes de Estado de extrema-direita, fomentou guerras civis, desestabilizou regiões inteiras. Tudo para assegurar a hegemonia norte-americana. E ainda recebeu em 1973 como recompensa o Prémio Nobel da Paz por negociar os acordos que permitiram aos Estados Unidos sair finalmente do Vietname. Mas, antes, tudo fez para alcançar a vitória militar, inclusive ordenar o bombardeamento do Cambodja, matando mais de 500 mil pessoas. Ainda hoje detonam bombas lançadas pelos norte-americanos no país, matando e estropiando crianças, homens e mulheres que trabalham nos campos agrícolas. Kissinger foi quem criou todo o contexto para os facínoras Khmers Vermelhos surgirem e matarem centenas de milhares de cambojanos. E este é só um exemplo das consequências das suas decisões, poderia referir Timor-Leste, Paquistão e Bangladesh, Chile, Vietname, Chipre, Médio Oriente, Angola… Só houve um Kissinger, mas os seus ensinamentos de “visão mundial”, como lhes chamam eufemisticamente, são ensinados nas universidades e os seus discípulos passeiam-se nos corredores do poder da (ainda) principal potência mundial. Foi um criminoso de guerra cujos crimes fizeram escola, são até elogiados como exemplo da política realista nas Relações Internacionais. Kissinger era um dos últimos “guerreiros da Guerra Fria” e o seu pensamento foi sempre consistente: só ações que reforçassem a superioridade militar e imperial dos Estados Unidos deveriam ser aplicadas e as ações que diminuíssem ou reforçassem o poder do seu adversário no sistema internacional deveriam ser evitadas. O direito internacional era letra morta e todos os movimentos, governos e políticas que pusessem em causa os interesses dos Estados Unidos, independentemente do que defendessem (democracia, melhores salários, serviços públicos de qualidade), deveriam ser aniquilados. É este o seu legado. O trajeto de Kissinger é um caso exemplar de como um criminoso de guerra nunca precisou de reabilitação. George Bush filho, Tony Blair, José Maria Aznar e José Manuel Durão Barroso são aprendizes a comparar com Kissinger. E, tal como o diplomata agora falecido, escaparam impunes a mais de um milhão de mortes que causaram no Iraque. Kissinger morreu, mas há outros kissingers por aí.” Ricardo Cabral Fernandes, Setenta e Quatro. Sinais da mão comprida de Kissinger em Portugal: (1), (2), (3), (4), (5), (6) e (7).
  • Há cada vez mais provas que indicam que muitos israelitas que morreram em 7 de Outubro foram mortos pelos militares israelitas. Entretanto, o governo israelita impõe a lei da rolha sobre os cativos libertados de Gaza para evitar maiores danos à narrativa oficial. WYATT REED e MAX BLUMENTHAL, The Grayzone.
  • Crime horrível descoberto no Hospital Al Rantisi. Depois de as forças invasoras israelenses terem forçado a evacuação de todos os médicos e funcionários, o CICV prometeu que os bebés da UTIN seriam levados para um local seguro. Os pais voltaram ao hospital e encontraram os seus bebés prematuros mortos nas incubadoras. Fonte.
  • Nenhum protesto sobre os investimentos da família de Rishi Sunak em Israel. Phil Miller, Declassified UK.

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