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sexta-feira, 24 de novembro de 2023

Bico calado

  • Na década de 1950, Joe McCarthy colocou atores de Hollywood na lista negra – naquela época, por serem de esquerda. Agora Hollywood está colocando os seus atores na lista negra – por manifestarem solidariedade para com os palestinos. JonathanCook.
  • Um candidato democrata ao Senado em Michigan rejeitou uma ‘oferta’ de US$ 20 milhões para desistir da disputa pelo Senado e combatesse a congressista republicana Rashida Tlaib, pró-Palestina. Hill Harper escreveu no X/Twitter: “Eu disse não. Não serei mandado, intimidado ou comprado”. O Politico nomeou o empresário de Michigan, Linden Nelson, como responsável pela ‘oferta’ referida. Fonte. Pormenores aqui.
  • O novo homem-forte da dona do DN, JN e TSF é Clement Ducasse, que foi associado ao "Paradise Papers". O francês é o beneficiário do fundo das Bahamas que é o novo sócio da Global media, detendo a maioria do capital. Página Um.
  • “(…) Ao ler as notícias sobre os acontecimentos nas faculdades em Lisboa nos últimos 15 dias, soaram-me ecos de 1971 em 2023. Relembrando os tempos da ditadura, os diretores da faculdade de Psicologia da UL e da FCSH-UN chamaram a polícia para reprimir estudantes que protestavam pacificamente contra as alterações climáticas. A polícia apareceu cinco vezes na Faculdade de Psicologia em apenas dois dias por causa de faixas e cartazes. No mesmo dia, já à noite, a direção da FCSH chamou a PSP para impedir que os estudantes passassem a noite nas suas instalações. Seis estudantes foram detidas. (…) Não são casos isolados, é uma tendência autoritária que se vive nas universidades, com as direções a acharem que tudo podem fazer e ordenar. É uma das consequências da crescente fragilidade da cultura democrática nas universidades com a sua neoliberalização. Neste contexto, o pensamento crítico, a discussão e ação políticas são vistos como prejudiciais ao regular funcionamento e vida do ensino superior. Os estudantes devem obedecer de mansinho e aceitar o que lhes dizem, limitar-se a aprender para depois serem trabalhadores qualificados que alimentam a máquina que depende de baixos salários e de precariedade. Uma máquina que todos os dias nos aproxima mais um pouco da catástrofe climática. A História mostra-nos que os estudantes sempre estiveram na vanguarda do combate político. Seria bom prestar atenção ao que nos dizem e, sobretudo, não os deixar sozinhos. Desde quando se tornou aceitável chamar a polícia para reprimir estudantes que se manifestam pacificamente? 2023 não pode ter ecos de 1971.” Setenta e quatro.

  • A reivindicação do estatuto de nativo também ajudou os americanos anglo-saxónicos brancos a imporem-se em oposição ao número crescente de imigrantes estrangeiros. Por um lado, os americanos brancos recontaram o mito do índio desaparecido para legitimar a sua reivindicação de território nativo. Por outro lado, enfatizaram a perigosa estrangeiridade dos imigrantes para deslegitimar a sua pretensão à América. Um dos resultados foi o nativismo, a designação dos colonos brancos anglo-saxões protestantes e dos seus descendentes como os verdadeiros nativos dos Estados Unidos que mereciam privilégios e proteções especiais. Outro foi a criação do nativo americano: uma identidade nacional americana baseada na desapropriação dos povos indígenas, na promoção da xenofobia e no reforço da supremacia branca. Erika Lee, America for Americans – a history of xenophobia in the United States. Basic Books/Hachette 2021, p 65.

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