segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Bico calado

  • “(...) Marcelo Rebelo de Sousa é mais um na linha desse tipo de políticos populistas que incluem personagens como Reagan, como Bush jr, Obama, Blair, Boris Johnson, como João Paulo II ou o bispo da IURD, como Trump, ou, recentemente, como Ursula Von Den Leyen e Zelenski. É o surgimento destas novas personagens como figuras de efetivo e real poder que carateriza os regimes políticos no espaço civilizacional que reuniu a tradição e a filosofia grega, inglesa e francesa que eram, sublinhe-se, regimes aristocráticos, em que o soberano (mesmo que formalmente presidente de uma república) se deificava, exercia o seu magistério de forma distante, raramente sujava as mãos e se expressava através de vassalos, o mais eficaz dos quais era o truão. O truão, uma palavra de origem provençal, era sustentado pelos reis, pago para fazer passar com zombarias e bobagens, sem tumulto e de forma indolor, as ações mais subtis e perversas do exercício do poder real. Os novos poderes, os novos regimes a que A. Barreto associa Marcelo Rebelo de Sousa, têm como novidade essencial a tomada do poder pelos truões. Os truões deixaram de ter um soberano para quem trabalhavam e passaram a ter eles o poder. Um processo que já havia sido previsto por George Orwell em O Triunfo dos Porcos e que tem levado vários atores ao poder real, Reagan, Trump, Johnson, Zelenski. Marcelo Rebelo de Sousa era, recorde-se, um popular comentador político nas televisões! O truanismo de Marcelo Rebelo de Sousa manifestou-se em pelos menos três casos exemplares. O primeiro na triste viagem de salamaleques a Londres para celebrar o Tratado de Aliança Luso-Britânico. O tratado é tudo menos merecedor de hinos e cortesias de dobra da espinha por parte de Portugal. O tratado serviu os interesses dos ingleses, que utilizaram Portugal continental como base de combate a Napoleão e passaram a ter direito ao comércio do Brasil. O tratado transformou (ou oficializou) Portugal numa colónia inglesa, o que não é motivo para os ademanes de Marcelo Rebelo de Sousa perante uma outra figura de decoração, Carlos III, ademanes, vénias e sorrisos que transmitem a mensagem que Portugal e os portugueses se sentem muito bem, felizes, como fiéis servidores e vassalos de suas majestades britânicas. Marcelo Rebelo de Sousa pode ter o dorso moldado para servir de montada, mas não essa atitude não consta do cartão do cidadão. A segunda exibição truanesca ocorreu com a visita do Papa, durante a Jornada da Juventude: ver um Presidente a fazer de sacristão não é um bom estímulo para nós, enquanto portugueses, nos interrogarmos sobre o papel das várias instituições na nossa sociedade. A beatice de Marcelo pode ser-lhe confortável, mas revela falta de respeito pela responsabilidade individual dos portugueses que decidem por si, segundo o seu livre arbítrio. Os que não pertencem a um rebanho e dispensam pastores não se revêm nestas atitudes. Por fim, esta risível (talvez seja o melhor qualificativo) visita a Kiev. Em termos políticos é uma prova de vassalagem, de truanismo: o presidente de Portugal está com os Estados Unidos, como Durão Barroso já estivera com Bush na invasão do Iraque e Santos Silva havia estado com Trump a apoiar Guaidó na Venezuela. A visita está nessa linha de vassalagem de um truão. E, não satisfeito com essa tarefa, Marcelo Rebelo de Sousa atribui o colar da Ordem da Liberdade a Zelenski! O qual, suprema ironia, recusa porque é modesto e não quer ficar como único responsável pelo desastre que se prevê venha a ser o futuro da Ucrânia.  Na Ucrânia o regime no poder luta pelo que entende ser a Independência política e pelos interesses a ela associada. Não luta pela Liberdade. O regime ucraniano e os seus dirigentes não clamam por liberdade (que abafaram): clamam por integração em instituições multinacionais que lhe retiram liberdade sob a forma de parcelas de soberania. Em última estância, o presidente português ofende os ucranianos (não colocando como exigência da perda de soberania que eles se pronunciem livremente) e confunde os portugueses com o abuso da entrega da Ordem da Liberdade a quem pede sujeição, mesmo com o pretexto de se defender de uma invasão, esquecendo o que fez ou não fez para a provocar ou para a evitar. As causas da guerra são não temas para os fiéis que cumprem o seu dever de presença. (...)” Carlos Matos Gomes, Truanismo — o regime de falsificação da história e dos valores - Medium.
  • Empresa intermunicipal, que vive de subsídios de exploração, não explica se deu borlas ao patriarcado de Lisboa.  JMJ: Peregrinos pagaram transporte, mas Ministério do Ambiente ainda deu 3,3 milhões de euros aos operadores. Página Um.
  • Parece que em matéria de ciência política, a Dr.ª Anjos consegue ser ainda mais ignorante do que eu. Não sabe distinguir uma autocracia, uma democracia iliberal de uma ditadura. Para ela, não há diferenças entre o regime da Rússia e da Coreia do Norte. Não sou pago para lhe ensinar, mas ela que vá ao site da Varieties ofDemocracy, uma das grandes referências académicas mundiais sobre regimes políticos (insuspeita de ser pró-russa) e veja o que lá está sobre os regimes políticos na Ucrânia e na Rússia. Pode ser que aprenda alguma coisa. A ignorância é a maior aliada da arrogância. Quando quiser aprender alguma coisa sobre o regime político da Ucrânia e da Rússia estarei à disposição para lhe ensinar. Pode ser que descubra, por exemplo, que existem muitas semelhanças entre as culturas políticas dos dois países, e que a Ucrânia não é nem foi a democracia liberal que ela, porventura, pensará que é. Pelo exposto, a Dr.ª Anjos perdeu uma boa oportunidade de estar calada evitando expor publicamente o seu desconhecimento e ignorância.” Carlos Branco, Cortar adireito.

  • “Numa das suas numerosas intervenções infelizes, a MNE alemã, Annalena Baerbock, afirmou que a Alemanha está em guerra com a Rússia. (...) Pessoas como a MNE alemã, que pisam o gelo fino aos pulos, colocam-nos a todos nós em risco. Elas representam a crescente iliteracia e baixa decência dos titulares de cargos públicos nas nossas democracias. Já em junho de 2021, Baerbock tinha causado escândalo por ter publicado um livro povoado pelo plágio grosseiro de fontes não-citadas. A isso se juntou a descoberta de um CV, várias vezes revisto para mascarar acontecimentos ficcionais da sua vida. Contudo, aqui está ela, aparentemente incólume, num cargo-chave para o momento em que se decidirá se a guerra desagua num armistício ou no holocausto nuclear que nos engolirá a todos (...) A humilhação nacional causada pelo silêncio conivente com a sabotagem do gasoduto Nord Stream 2, várias vezes ameaçado por responsáveis dos EUA - como Biden (com Scholz ao lado...), Blinken, Victoria Nuland, entre outros - ficou bem representada numa capa da revista Stern, onde um gigantesco Biden arrasta pela mão um Scholz, com ar subserviente e estatura de anão. O apoio à guerra desce nas sondagens e cresce o aumento eleitoral ao partido da Extrema-Direita, Alternativa para a Alemanha (AfD). (...) Os cidadãos alemães apoiam quem no Bundestag tem ousado discutir o impacto da guerra sobre a vida das pessoas comuns e sobre o interesse nacional alemão, insistindo, também, na necessidade de uma saída diplomática para o conflito (...)” Viriato Soromenho-Marques, O impacto da guerra na Alemanha - DN 26ago2023.

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