quarta-feira, 5 de julho de 2023

Bico calado

  • Sabia que 8.570 soldados das SS ucranianas foram secretamente trazidos para o Reino Unido em 1947? Mais tarde, fundaram a Associação dos Ucranianos. Alguns foram recrutados pelo MI6. Em 2003, 1.500 ainda estavam vivos e a viver no Reino Unido. Fonte.
  • "A substituição do modelo social europeu do Estado de Bem-Estar teve inicio com Tatcher e os ingleses estiveram sempre na condução desse processo até ao Brexit e agora como os agentes dos EUA na condução das posições europeias quanto à guerra que aqueles travam com a Rússia na Ucrânia. A destruição do estado social e sua substituição pelo individualismo neoliberal está em curso em toda a Europa com o ataque aos grandes sistemas públicos. Os primeiros alvos têm sido os serviços nacionais de saúde de cada Estado, seguir-se-ão os sistemas de previdência e segurança social e a escola pública. Os ingleses sempre à frente. A Inglaterra assumiu a missão de fazer da Europa um Estado complementar e vassalo dos Estados Unidos. Isso significa não só a integração da Europa no sistema militar dos EUA, através da NATO, mas a importação do modelo económico e social do neoliberalismo reinante nos EUA." Carlos Matos Gomes, A guerra na Ucrânia e o fim do estado social europeu - Medium.
  • É difícil fazer declarações que mereçam a discordância de todo o espectro político português, mas Lagarde conseguiu. Não era tarefa fácil. Foi um dos rostos da austeridade, nos tempos da troika, quando era presidente do FMI. Os portugueses dificilmente esquecerão as consequências de uma política que, para fazer face à dívida pública, passava por cortar salários. São tempos de má memória. Muitos também se recordarão de que essa austeridade afundou a economia e que o próprio FMI assumiu que errou. As palavras de Lagarde foram duras e implacáveis. As taxas de juro altas serão persistentes na zona euro. Novos aumentos são previsíveis e já em Julho. Culpou os trabalhadores pelos aumentos da taxa de juro e clarificou que devem estar conscientes de que, ao conseguirem aumentos salariais, para tentarem compensar as perdas de poder de compra sentidas com o aumento da inflação, estarão a pôr a economia, e a si mesmos, em perigo. Alguém deveria informar Lagarde de que, em Portugal, os aumentos dos salários não acompanharam a inflação. Já agora, informá-la também de que, por cá, os aumentos salariais não são iguais para todos. A título de exemplo: nos últimos dez anos, os salários dos administradores das empresas do PSI-20 aumentaram 47%, mas os salários dos trabalhadores dessas empresas reduziram 0,7%. (...) Perante esta unanimidade, é da maior pertinência a proposta do BE, dirigida a Augusto Santos Silva, de realizar uma sessão parlamentar com a presença de Christine Lagarde. Os deputados ali presentes representam os portugueses que se dignaram ir votar. É fundamental que a presidente do BCE, que toma decisões que afetam drasticamente a vida dos portugueses, os ouça. Declarações gravíssimas atiradas para o ar, intervaladas com contemplações aos verdejantes campos de golfe, não servem. É o mínimo trazer Lagarde ao Parlamento.(...)”. Carmo Afonso, Tragam a senhora Lagarde ao Parlamento – Público 30jun2023.

  • "Na década de 1970, o movimento sindical da Austrália estava há muito infiltrado pelos serviços secretos americanos: o Conselho Australiano de Sindicatos tinha sede em Melbourne e o adido laboral dos EUA tinha o seu gabinete nas proximidades. "Era geralmente aceite no movimento sindical", disse John Grenville, secretário adjunto do Victorian Trades Hall, "que o adido laboral era o agente da CIA." Num discurso secreto, o antigo chefe da Clandestine Services da CIA, Richard Bissell, descreveu as duas principais atividades destes agentes. A primeira era aquela que podia ser "iniciada através dos canais da CIA porque podia ser iniciada mais rapidamente e informalmente, mas não tinha de ser inerentemente secreta. Um exemplo poderia ser um certo intercâmbio de pessoas [em] programas concebidos para identificar potenciais líderes políticos e dar-lhes alguma exposição aos Estados Unidos". Este "intercâmbio" assume geralmente a forma de viagens de "estudo" ou de "bolsas de estudo" que são oferecidas a funcionários sindicais à medida que vão subindo na hierarquia dos seus sindicatos. Em 1950, o "adido laboral" dos EUA, Herbert Weiner, distribuiu o primeiro dos chamados "Leader Grants", que, financiados pelo Serviço de Informação dos EUA, procuravam influenciar figuras proeminentes da política e dos sindicatos e, incidentalmente, fornecer material para a CIA pesquisar e, ocasionalmente, escolher "agentes de influência". John Pilger, A secret country (1989) – Vintage 1992, pp 246-247.

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