«Na Nova Gales
do Sul, entre 1901 e 1940, milhares de crianças aborígenes de ascendência mista
eram arrancadas às suas famílias, e usadas virtualmente como mão-de-obra
escrava. De acordo com a lei, as crianças tinham de ser "vinculadas por
escritura" e aprendizes de "qualquer amo". Além disso,
"qualquer criança assim aprendiz [era] passível de ser processada e punida
por fuga". (…)
Os rapazes eram
levados para o Lar Kinchella para Rapazes Aborígenes, onde lhes era dada
formação rudimentar como trabalhadores agrícolas. Eram depois enviados para quintas de ovinos e bovinos, onde eram 'indentados' e pagos em comida e umas moedas.
As raparigas, que eram a maioria, eram enviadas para o Lar de Formação para
Meninas Aborígenes de Cootamundra, onde eram transformadas em serviçais, depois
'indentadas' a 'donas' em casas brancas da classe média. (…)
Uma vez separadas
das suas famílias, as crianças que sobreviviam nunca mais eram autorizadas a
regressar a casa. Os anciãos aborígenes morreriam. As reservas seriam vendidas
como terras agrícolas, e a raça aborígene seria uma memória antropológica, os
seus restos de pele pálida segregados nos confins inferiores da classe
trabalhadora branca.»
John Pilger, A secret country – Vintage 1989, pp 68-70.
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