quinta-feira, 23 de março de 2023

Bico calado

  • A pagar o preço: Matar as Crianças do Iraque é uma acusação poderosa dos efeitos não relatados das sanções das Nações Unidas após a Guerra do Golfo de 1991 - o mais impressionante, as 500.000 crianças entre mais de um milhão de iraquianos que morreram em quase 10 anos de sanções, números verificados pela UNICEF (o Fundo das Nações Unidas para a Infância) e outras agências da ONU. John Pilger descreve-o como "o embargo mais abrangente da história moderna contra um país" e pergunta por que razão 21 milhões de pessoas estão "a ser punidas pelos crimes de um ditador, Saddam Hussein". O Iraque, que em 1989 tinha uma das mais baixas taxas de mortalidade infantil do mundo, bem como cuidados de saúde e educação universais e gratuitos, tem agora uma das mais altas. Este documentário é dominado por cenas de crianças iraquianas desnutridas e moribundas cujo tratamento é afetado pelo fornecimento intermitente de medicamentos, enquanto água limpa, comida fresca, sabão, papel, lápis, livros e lâmpadas não estão disponíveis ou o seu fornecimento é muito limitado. Numa clínica de cancro de Bagdade, Denis Halliday - que em 1998 se demitiu da ONU por causa das sanções e interveio pessoalmente para salvar a vida de algumas crianças - diz a Pilger: "Penso que neste hospital vimos hoje provas do assassinato que é agora da responsabilidade dos estados membros do Conselho de Segurança, particularmente, penso eu, Bill Clinton e Tony Blair". A Secretária de Estado americana Madeleine Albright, previamente questionada na televisão americana se a morte de mais de 500.000 crianças era um preço que valia a pena pagar, respondeu: "Pensamos que o preço vale a pena". No sul do país, Pilger relata outro resultado letal da Guerra do Golfo, que se seguiu à invasão de Sadam Hussein no Kuwait em 1990. Os americanos utilizaram urânio empobrecido em cartuchos e mísseis disparados pelos seus tanques e aviões. O vento e a poeira transportaram a radiação através das cidades e aldeias do sul do Iraque, criando o que um especialista descreve como "uma epidemia de cancro que é provável que atinja quase metade da população". O embargo negou ao Iraque o equipamento e os conhecimentos necessários para limpar os antigos campos de batalha, bem como a tecnologia para diagnosticar o cancro e os medicamentos para o seu tratamento. As alegações de Saddam Hussein possuir armas de destruição maciça - a justificação das sanções - são falsas, diz Scott Ritter, antigo chefe inspector de armas da ONU no Iraque. "Em 1998, as infra-estruturas de armas químicas tinham sido completamente desmanteladas ou destruídas", explica, acrescentando que os programas de armas biológicas, nucleares e de mísseis balísticos de longo alcance também tinham sido eliminados. Numa câmara vazia do Conselho de Segurança da ONU, Pilger conclui: "Será que os representantes dos poderosos que aqui têm assento no Conselho de Segurança alguma vez pensam para além dos seus interesses e manobras e sobre as suas vítimas, crianças que morrem desnecessariamente a meio mundo de distância? Chegou a altura de recuperarmos as Nações Unidas. Enquanto se vê este filme, inúmeras crianças morreram silenciosamente no Iraque. Quantas mais morrerão antes que o silêncio seja quebrado? Paying the Price: Killing the Children of Iraq (Carlton Television), ITV1, 6 março 2000. Produtor-director: Alan Lowery; co-produtor: John Pilger (75 mins). Fonte.
  • «(...) Há 20 anos, a 20 de março de 2003, quatro dias depois da Cimeira das Lajes, os Estados Unidos da América e alguns dos seus aliados (Grã-Bretanha, Dinamarca, Polónia e Austrália) iniciaram uma nova invasão do Iraque, sem acordo da ONU. Como sabemos, esses países mobilizaram a opinião pública ocidental para aceitarem o envio dessas tropas através de uma deliberada mentira: a existência de um perigo universal de construção de armas de destruição maciça pelo regime de Saddam Hussein. Dois meses depois Portugal, cujo primeiro-ministro Durão Barroso fizera de hospedeiro da cimeira que lançara essa guerra, era cúmplice dessa mentira e mandava as primeiras tropas para o Iraque. A guerra do Iraque provocou, diretamente, cerca de 100 mil mortos (há, porém, avaliações credíveis que apontam para mais de 300 mil), mas a crise humanitária que gerou e a prolongada intervenção ocidental no Médio Oriente, até 2021, estendeu esse desastre humanitário para mais de um milhão de vítimas mortais e para três ou quatro vezes acima desse número em contagens de feridos e de civis refugiados. O Iraque ficou devastado. Estão documentados inúmeros crimes de guerra cometidos pelas forças norte-americanas e britânicas, mas nenhum tribunal internacional de Direitos Humanos sentenciou os seus autores. Em contrapartida, alguns dos denunciantes desses crimes ou morreram em oportuníssimos suicídios (o inglês David Kelly é o caso mais conhecido) ou estão presos sem julgamento justo (quem ainda se lembra de Julian Assange?). Para quebrarem a promessa de não envolver tropas da NATO numa guerra com a Rússia, os dirigentes dos Estados Unidos, Grã-Bretanha e Polónia, os mais aguerridos na atual guerra, vão precisar de um pretexto ou de um conjunto de pretextos para apresentarem aos seus aliados e à opinião pública ocidental. Certamente terão imaginação e profissionalismo suficientes para os arranjarem, mesmo se forem falácias, e certamente, como aconteceu no Iraque, contarão com um magnífico megafone comunicacional que reproduz as suas vozes sem as questionarem.(...)» Pedro Tadeu,  Os militares portugueses vão combater na Ucrânia? - DN 22mar2023.
  • Estudantes boicotam inauguração de residência de luxo com Moedas. O autarca lisboeta inaugurou uma residência para estudantes com quartos entre 700 e 1.100 euros mensais. Federação Académica de Lisboa recusou convite para participar. Vereadora bloquista acusa Moedas de promover "negócios privados que não resolvem a crise na habitação que afeta os estudantes”. Esquerda.
  • Utentes que marcavam consultas ao abrigo da ADSE tinham de esperar mais três ou cinco meses do que os particulares ou portadores de seguros pela mesma consulta. Hospitais da Luz e do Grupo Lusíadas foram multados pelo regulador graças a reclamações recebidas. Esquerda.
  • Fundo de reserva da Segurança Social “perde” quase tudo o que investiu no Credit Suisse. Dos 2,7 milhões de euros investidos no Credit Suisse restam apenas 222 mil na carteira do fundo de reserva do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social. Trata-se de uma "perda" de 96%. Luís Leitão, Eco.

  • A Rússia perdoou uma dívida de 20 mil milhões de dólares aos países africanos. DailyNigerian.
  • Tanques britânicos enviados para a Ucrânia vão equipados com munições de urânio empobrecidoPHIL MILLER, DeclassifiedUK.

  • Madeleine Albright justifica a morte de 500.000 crianças iraquianas como “valendo a pena". Jornalista pergunta: ouvimos dizer que meio milhão morreram crianças, quero dizer, isso é mais crianças que morreram em Hiroshima, isso valeu a pena? Madeleine Albeight responde: Penso que esta é uma escolha muito difícil, mas o preço, pensamos que valeu a pena. Fonte: https://youtu.be/KP1OAD9jSaI

  • «(...) desde 2014 que mercenários e batalhões nazis ao serviço de Kiev, bombardeiam os civis no Donbass e assassinam objetiva e deliberadamente as crianças locais, continuando ainda hoje em dia a fazer isso mesmo, e esse cínico TPI nunca esboçou a mínima tentativa de olhar para essa situação. Vem agora, hipocritamente, alegar o interesse na situação das crianças e em vez de acusar os que tentam e as conseguem matar, criminaliza os que as procuram salvar, chamando eufemisticamente a isso uma “deportação ilegal”. Sabemos que a Rússia foi o país que mais refugiados recebeu – cerca de 3 milhões, e nesses se integram as tais crianças que o TPI menciona, e das quais fazem parte crianças russas e ucranianas órfãs que estavam no Donbass e nas outras províncias russófonas, e que foram evacuadas para a Rússia e Crimeia russa por razões de segurança. (...)» Fonte.

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