Bico calado
- Aprecie aqui a desmontagem que
Luís Galrão faz dos vários embustes com que a SIC, TVI, CNN e CMTV nos
entreteve com imagens falsas do terramoto da Turquia-Síria. A imagem da
captura de ecrã, à esquerda, refere-se, como podem comprovar aqui, à implosão das
torres Champlain, próximo de Miami Beach, realizada em 24 de junho de 2021.
- A Grã-Bretanha
ofereceu 2,7 mil milhões de dólares em armas à Ucrânia e 6 milhões de dólares
em ajuda de emergência para 23 milhões de pessoas na Turquia e na Síria. Isto é
a sério? Aparentemente sim. David Hearst, MEE.
- «Poucas
purgas, por muito vastas que sejam, podem livrar os arquivos de todas as provas
incriminatórias. No caso do Quénia, dois espessos arquivos de cartas que os
detidos tinham escrito nos anos 50 conseguiram escapar aos incineradores e
aterraram nos Arquivos Nacionais do Quénia. Elas denunciavam inumeros abusos e
imploravam ao governador, ao secretário colonial, a MP Castle, e mesmo a Sua
Majestade a Rainha para intervir. Por muito importantes que estas cartas fossem
e sejam para reconstruir o passado do Quénia, foi um único ficheiro que ficou
no Arquivo Nacional Britânico que abriu o caminho para ligar os relatos de
tortura, violação e assassínio dos detidos ao papel do governo britânico na sua
execução sistemática. Este ficheiro
continha a correspondência de junho entre o Governador Baring e o Secretário
Colonial Lennox-Boyd (...). Juntamente com
os telegramas e memorandos que o acompanhavam, estabelecia a técnica de
diluição, concedia aprovação aos mais altos níveis de governação para a sua
utilização, e criava uma cobertura legal. Estabelecia uma cadeia de provas que
ligava os funcionários em Londres à violência sistemática do Quénia. No centro
da correspondência aparecia o oficial colonial que tinha concebido e executado
a técnica de diluição no terreno, Terence Gavaghan, que, até à altura [da
publicação] de ‘Imperial Reckoning’ [livro de Caroline Elkins] não tinha
contribuído com relatos históricos escritos sobre Mau Mau, exceto para as suas
próprias duas memórias. Esta ausência é também notável considerando a
participação de Gavaghan em seminários e debates em Oxbridge, bem como o
prefácio às suas segundas memórias escrito por um professor de Cambridge
(...). Gavaghan, é claro, não
agira sozinho. O argumento habitual de algumas "maçãs más" recuou sob
o peso das provas históricas, que o Supremo Tribunal de Londres estava prestes
a julgar. Foi um momento em que a história revisionista e os seus desafios aos
mitos do imperialismo liberal há muito defendidos tiveram de resistir ao
escrutínio das lentes do tribunal. A responsabilização da missão civilizadora
britânica não permitia qualquer margem para a subjetividade da dúvida. Pelo
contrário, algo era um facto ou um ato, ou não era.» Caroline Elkins, Legacy of Violence – a History of
the British Empire. The Bodley Head/Penguin 2022, pp 646-647.
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