O México vai proibir as experiências de geoengenharia solar no país, após a norte-americana Making Sunsets ter começado a libertar partículas de enxofre na atmosfera no estado da Baixa Califórnia, no norte do país. A empresa lançou balões injetados com partículas de dióxido de enxofre na atmosfera, que não foram monitorizados nem recuperados. O governo mexicano disse que a experiência foi realizada sem aviso prévio e sem o consentimento do Governo do México e das comunidades circundantes.
Lily Fuhr, diretora do Center for International Environmental Law, afirmou que oferecer uma alegada solução rápida e barata para a crise climática é jogar a favor da indústria dos combustíveis fósseis. "A geoengenharia solar é demasiado arriscada e ingovernável para ser prosseguida. Apoiamos o governo mexicano no seu plano de proibição e apelamos à paragem imediata dos voos Make Sunsets”, disse Fuhr.
James Haywood, professor de ciências atmosféricas na Universidade de Exeter disse que a experiência Make Sunsets não era perigosa uma vez que a quantidade de enxofre era muito pequena. "É mais uma manobra de relações públicas", disse, acrescentando "não vai fazer diferença nenhuma". Mas colocar maiores quantidades de enxofre na atmosfera pode ser perigoso, garante ele. Alguns dos efeitos secundários da geoengenharia são muito difíceis de evitar. Por exemplo, colocar grandes quantidades de enxofre na atmosfera é susceptível de aumentar a precipitação de Inverno no Norte da Europa e reduzi-la no Sul da Europa, particularmente em Espanha e Portugal. Haywood sublinhou que neste momento "não há governo, não há governança" da geoengenharia e que não tinha conhecimento de nenhum governo a propor regulamentos.
A geoengenharia trata de mudar deliberadamente os sistemas da Terra para controlar o seu clima. Uma proposta teórica tem sido a de pulverizar partículas de enxofre para arrefecer o planeta. Um relatório recente das Nações Unidas descobriu que esta prática, conhecida como injeção de aerossóis estratosféricos (SAI), "tem o potencial de reduzir as temperaturas médias globais". Mas, constatou, "não pode compensar totalmente os efeitos generalizados do aquecimento global e produz consequências não intencionais, incluindo efeitos sobre o ozono".
A convenção da
ONU sobre Diversidade Biológica estabeleceu uma moratória sobre geoengenharia
em 2010, na ausência de dados científicos e regulamentos suficientes.
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