terça-feira, 3 de janeiro de 2023

Bico calado

  • O antigo reitor do Santuário de Fátima, Luciano Guerra, referiu-se, numa entrevista ao semanário Jornal de Leiria, aos alegados elevados salários pagos no Santuário, afirmando que “um padre é um padre, não pode, de maneira nenhuma, comparar-se a um administrador de uma empresa, mesmo que os leigos que o sacerdote dirige recebam salário superior”. O ex-reitor lamentou também pela forma como foram admitidos ou dispensados alguns funcionários no Santuário nos últimos anos. “Houve trabalhadores que praticamente foram expulsos, a vários outros (…) teve a instituição de pagar altas indemnizações; outros saíram e calaram-se, com receio de retaliações. Quase de rompante foram admitidos mais de 130 novos funcionários, numa casa que tinha 210. Houve uma série de pessoas que foram empurradas para sair”, referiu o antigo responsável. O Mirante.
  • Matilde Kimer, que tem reportado para a televisão dinamarquesa desde o início da agressão russa em 2014, revelou que os serviços secretos ucranianos tinham cancelado a sua licença de trabalho e só a devolveria se concordasse em deixar a agência de espionagem controlar as suas reportagens. Robert Mackey, The Intercept.
  • Ficheiros secretos desclassificados expõem verdades inconvenientes da guerra da Bósnia. É um facto pouco conhecido mas amplamente reconhecido que os EUA lançaram as bases para a guerra na Bósnia, sabotando um acordo de paz negociado pela Comunidade Europeia no início de 1992. Sob os seus auspícios, o país seria uma confederação, dividida em três regiões semi-autónomasrespeitando linhas étnicas. Embora longe de ser perfeito, cada parte conseguiu em geral o que queria - em particular, autogovernação - e, no mínimo, desfrutou de um resultado preferível a um conflito generalizado. Contudo, em 28 de março de 1992, o Embaixador dos EUA na Jugoslávia, Warren Zimmerman, encontrou-se com o Presidente bósnio Alija Izetbegovic, um muçulmano bósnio, para alegadamente oferecer o reconhecimento de Washington à Bósnia como Estado independente. Prometeu ainda apoio incondicional na inevitável guerra subsequente, caso a proposta comunitária fosse rejeitada. Horas mais tarde, Izetbegovic entrou em rota de guerra, e os combates irromperam quase imediatamente. A experiênia diz-nos que os americanos estavam preocupados que o papel de liderança de Bruxelas nas negociações enfraquecesse o prestígio internacional de Washington, e ajudasse a futura União Europeia a emergir como um bloco de poder independente após o colapso do comunismo. Embora tais preocupações fossem sem dúvida defendidas por funcionários dos EUA, a correspondâência da UNPROFOR expõe uma agenda muito mais profunda. Washington queria a Jugoslávia reduzida a escombros, e pretendia submeter os sérvios, prolongando a guerra o máximo de tempo possível. KIT KLARENBERG e TOM SECKER, The Grayzone.
  • A imaginária "assembleia nacional" paralela criada pela oposição de direita da Venezuela votou a dissolução oficial do falso "governo interino" de Juan Guaidó, o fantoche golpista dos EUA, retirando-o do seu posto fictício após quase 4 anos. Mayela Armas, Reuters 30dez2022.
  • «(...) auxiliado por uma máquina comunicacional poderosa, bem oleada e manipuladora, o ídolo de centenas de milhões de fanáticos [Cristiano Ronaldo], conseguiu com relativa facilidade varrer para debaixo do tapete episódios de grande danosidade para a sua imagem. Dos quais se destaca uma condenação por fraude fiscal qualificada em Espanha, e uma acusação de violação ocorrida em Las Vegas em 2009, caso que apenas sucumbiu por questões técnicas. Ambas as situações reveladas no Football Leaks. Resta-lhe terminar nos confins da Arábia, com um sumptuoso salário, empossado "embaixador", figura de propaganda, de um regime totalitário altamente repressivo dos direitos humanos, e responsável pelo bárbaro assassinato de Jamal Khashoggi. Rui Pinto.

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