segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Reflexão - «As inundações em Lisboa»

Há 55 anos, por estes dias, Lisboa e arredores conheciam uma das maiores tragédias desde o terramoto de 1755. As cheias de 1967 causaram quase 700 mortos e a destruição de quase 20 mil habitações – uma contabilidade que a “Censura” impediu que fosse conhecida em toda a sua extensão e consequências.

Por mais que o saudoso Arq. Gonçalo Ribeiro Telles e seus discípulos tenham alertado, a construção desenfreada em áreas que outrora foram leitos de ribeiras bem como a cobertura betuminosa de terrenos que faziam a drenagem natural continuou ao longo das últimas dezenas de anos. Assim foi, e assim é, nas baixas de Loures, Odivelas, Oeiras e também Lisboa.

Com a incúria ignorante ou criminosa de sucessivos autarcas, os vales de Algés e de Alcântara, bem como as margens dos rios Trancão e Jamor são hoje malha urbana densamente habitada à mercê de qualquer intempérie mais agressiva que apanhe bueiros entupidos ou bloqueados outros canais de drenagem natural.

Por cá, a maior tragédia ainda não são as alterações climáticas, mas sim a ignorância e a incúria. 

Afonso Camões.

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