Há 55 anos,
por estes dias, Lisboa e arredores conheciam uma das maiores tragédias desde o
terramoto de 1755. As cheias de 1967 causaram quase 700 mortos e a
destruição de quase 20 mil habitações – uma contabilidade que a “Censura”
impediu que fosse conhecida em toda a sua extensão e consequências.
Por mais que o saudoso Arq. Gonçalo Ribeiro Telles e seus
discípulos tenham alertado, a construção desenfreada em áreas que outrora foram
leitos de ribeiras bem como a cobertura betuminosa de terrenos que faziam a
drenagem natural continuou ao longo das últimas dezenas de anos. Assim foi, e
assim é, nas baixas de Loures, Odivelas, Oeiras e também Lisboa.
Com a incúria ignorante ou criminosa de sucessivos
autarcas, os vales de Algés e de Alcântara, bem como as margens dos rios
Trancão e Jamor são hoje malha urbana densamente habitada à mercê de qualquer
intempérie mais agressiva que apanhe bueiros entupidos ou bloqueados outros
canais de drenagem natural.
Por cá, a maior tragédia ainda não são as alterações climáticas, mas sim a ignorância e a incúria.
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