Políticos europeus levantaram a forte possibilidade de sabotagem após o sistema de gasodutos Nord Stream que transporta gás russo sob o Mar Báltico ter sofrido grandes fugas, danos que poderão provocar uma poluição maciça e agudizar ainda mais a crise energética do continente à medida que o Inverno se aproxima. "É difícil imaginar que estas sejam coincidências. Não podemos excluir a sabotagem", disse a primeira-ministra dinamarquesa Mette Frederiksen perante o timing quase simultâneo das 2 fugas.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, expressou igualmente a sua preocupação com as fugas, considerando as notícias dos danos "muito alarmantes". “Esta é uma situação sem precedentes que precisa de ser tratada com urgência", afirmou, insinuando a perspetiva de sabotagem e dizendo que a Rússia não “excluiu quaisquer opções".
Recorde-se que, já em 2019, os EUA ameaçavam a Alemanha com sansões se o projeto do gasoduto Nord Stream se concretizasse. Em julho de 2020, o Secretário de Estado Pompeo foi à Dinamarca tentar convencer o governo a abandonar o projeto do gasoduto russo. E antes disso, tinha ameaçado com sanções as empresas envolvidas no projeto. ‘Saiam já ou aguentam com as consequências’, avisou. A Alemanha rejeitou as ameaças de sansões por serem contra as leis internacionais. DW.
Refira-se que em 27 de janeiro deste ano, Victoria Nuland afirmou: ‘Se a Rússia invadir a Ucrânia, dê por onde der, o oleoduto Nord Stream 2 pára.’
E, em fevereiro deste ano, pouco antes da invasão russa, o Presidente dos EUA Joe Biden disse o mesmo durante uma conferência de imprensa conjunta com o Chanceler alemão Olaf Scholz: "Se a Rússia invadir, não haverá mais Nord Stream 2. Vamos acabar com isso". Questionado por uma repórter como iria conseguir isso, Biden respondeu: "Prometo-vos que seremos capazes de o fazer".
Consta que políticos alemães acreditam que as fugas dos oleodutos são o resultado de um ataque direcionado. Para além dos potenciais impactos na crise energética das nações europeias, que os críticos dizem derivar da sua dependência excessiva dos combustíveis fósseis russos, os danos no sistema de gasodutos Nord Stream poderão ter grandes implicações climáticas. "Isto pode não parecer tão dramático como um derrame de petróleo, mas é ainda mais perigoso para o clima: o metano está a entrar diretamente na atmosfera", observou Jamie Henn, director da Fossil Free Media. Common Dreams.
Sublinhe-se que a página oficial da Marinha norte-americana informava a 12 de junho deste ano: ‘Em apoio à BALTOPS, a 6ª Frota da Marinha dos EUA associou-se a centros de investigação e de guerra da Marinha dos EUA para trazer ao Mar Báltico os últimos avanços na tecnologia de desminagem submarina não tripulada para demonstrar a eficácia do veículo em cenários operacionais. Foram realizadas experiências ao largo da costa de Bornholm, Dinamarca, com participantes do Naval Information Warfare Center Pacific, Naval Undersea Warfare Center Newport, e Mine Warfare Readiness and Effectiveness Measuring, sob o commando da US Sixth Fleet Task Force 68.’
Por seu lado, a Marinha britânica informava, em 26 de agosto: «Dezenas de militares ucranianos estão a ser treinados pela Marinha Real para utilizar veículos de alta tecnologia sem tripulação para os ajudar na desminagem. O Reino Unido forneceu 6 dos drones submarinos à Ucrânia e está a formar o seu pessoal na Grã-Bretanha para os utilizar de modo a poderem limpar a sua linha costeira de minas quando regressarem à sua terra natal. O Grupo de Mergulho e Exploração de Ameaças está a ministrar cursos de formação de três semanas, juntamente com a Sexta Frota da Marinha dos EUA. "Estas armas visam a navegação indiscriminadamente, mas afetam particularmente o tráfego e comércio civil e têm tido um impacto devastador na liberdade de navegação no Mar Negro’, disse Almirante Sir Ben Key.»
Por coincidência ou não, no mesmo dia em que ocorreram as explosões, era inaugurado um novo gasoduto do Báltico entre a Noruega e a Polónia.
Trata-se agora de determinar a origem de dois poderosos tremores detetados pela estação sísmica de Bornholm na segunda-feira às 2.03 da manhã e às 19.04 da tarde. "Não há dúvida de que se tratou de explosões ou detonações", disse o sismólogo Björn Lund da Rede Sismológica Sueca na terça-feira 27 de Setembro no canal de rádio SVT.
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