sexta-feira, 29 de julho de 2022

Bico calado

 
  • «A ministra sul-africana das Relações Internacionais e Cooperação, Naledi Pandor, declarou no segundo encontro de Chefes de Missão Palestinianos em África, que aconteceu em Pretoria, que Israel deverá ser classificado como um “Estado de apartheid” e que a Assembleia Geral das Nações Unidas deveria implementar um comité para analisar se o país cumpre os requerimentos para tal.» Via Esquerda.
  • 10 de junho de 1978: quando a PSP disparou a matar para proteger fascistas. Numa manifestação de fascistas na baixa de Lisboa, um polícia pôs um joelho no chão e disparou uma G3 contra manifestantes antifascistas. Matou uma pessoa, deixou outra paraplégica e feriu uma terceira. Nunca se fez justiça, pelo contrário, o agente recebeu dois louvores da PSP. Ricardo Cabral Fernandes e João Biscaia, Setenta e Quatro.
  • «Os Balcãs foram ainda, para Santos Pereira, razão de um outro trauma, premonitório, e que talvez a realidade atual nos permita compreender melhor: “Não me lembro de uma ocasião em que se mentiu tanto, se aldrabou tanto, se forjou tanto. (...) Em que se manipulou e adulterou tanto e se conspurcou de forma vergonhosa os valores mais sagrados em que todos nós nos podemos reconhecer: Direitos Humanos, respeito pela vida humana, respeito pela verdade. (...) Mobilizaram-se organizações internacionais de toda a parte, biliões e biliões de dólares, sacaram-se, manipularam-se, adulteraram-se os valores mais sagrados em qualquer ser humano (...) Tudo isso aldrabado para conseguir meia dúzia de objetivos estratégicos ali.” Restava-lhe, adiantou, a consolação de ter sido “um dos gajos que rosnou”, de numa sala onde estava o secretário-geral da NATO, Javier Solana, se ter levantado e dito: “Não estou na mesma sala que um criminoso de guerra.” Mas isso não diminuiu o sentimento de impotência: “Eu não fui capaz de travar isto! Não fui capaz, perdi!” “Eu, como jornalista, tive na minha mão, vivi por dentro e tive à minha frente a possibilidade, que as outras pessoas não têm, de denunciar isso, e eu não fui capaz, falhei, não consegui, a manobra passou toda, bem berrei contra as mentiras, ficaram... Este é outro trauma, este sentimento ‘para que é que a gente serve? Faz algum sentido?’ Esta questão assalta-nos inevitavelmente e traumatiza-nos.”». Diana Andringa, Carlos Santos Pereira, O jornalismo sem cisnismo - Setenta e Quatro.
  • «No mundo da moda aprendi que não há pessoa que não se possa maquilhar, vestir, iluminar, fotografar, produzir e reproduzir até se tornar no que imaginámos ou no oposto do que é. Não há história, seja sobre um perfume ou creme, sobre uma princesa ou patife, um actor ou artista, que não se possa encenar e projectar como admirável e icónica. Nisso o mundo da moda distingue-se da política: é mais gráfico, mais ousado e descarado, mais eficaz no imediato. O produto transforma-se em história e a história é o produto. O mundo da moda tem mais brilho porque tudo nele é essencialmente falso. Quem nele actua desperta empatia nos simples e desprezo entre os cínicos.» Miguel Szymanski.

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