quinta-feira, 23 de junho de 2022

Couto de Esteves: mini-hídrica avança em setembro apesar da contestação local

Apesar da contestação, por receio dos impactos ambientais e paisagísticos, a construção da mini-hídrica do rio Lordelo, em Couto Esteves, concelho de Sever do Vouga, vai arrancar em setembro próximo.

O processo de licenciamento iniciado em 2012 conheceu avanços e recuos até obter o parecer favorável que permitiu, em setembro de 2019, a assinatura do contrato de concessão com o Estado, representado pela Agência Portuguesa de Ambiente (APA), para a captação de águas destinadas à produção de energia elétrica pelo ‘Aproveitamento Hidroeléctrico de Lourizela’ (grupo Energetus)

O presidente da Junta de Freguesia de Couto Esteves, que ‘deu a cara’ pelos contestatários, em vão tentou agendar uma derradeira moção para discutir os ´prós e contras’ do projeto na reunião ordinária da Assembleia Municipal de Sever do Vouga. Sérgio Soares lamentou a decisão da mesa do órgão deliberativo de maioria PSD-CDS impedindo que “o povo conheça a posição” dos três partidos representados (PSD, CDS e PS) e apelou aos partidos para

O autarca de Junta pediu um último ‘forcing’ às forças partidárias para que analisassem e revissem as “compensações” definidas no estudo de incidências ambientais por estarem baseados em “pareceres inconsequentes e totalmente desatualizados, porque em 10 anos se construira a barragem de Ribeiradio, também no território de Couto Esteves, e já “não são compatíveis com a realidade atual”.

A Junta terá direito a uma percentagem das receitas da produção de energia, mas Sérgio Soares não acredita que venha a ser relevante. Pelo contrário, “todos nós temos a noção que vai ser muito pequena, porque o rio não tem caudal”.

O presidente da Câmara, Pedro Amadeu Lobo (PSD-CDS), recordou que a autarquia emitiu também o seu parecer, há 10 anos, cujo teor não foi possível conhecer porque “não existe em lado nenhum”, sendo necessário pedir uma cópia à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, que teve a seu cargo a coordenação do estudo de incidências ambientais.

A Junta de Freguesia de Couto Esteves chegou a colocar a possibilidade de comprar os terrenos junto ao rio para ‘travar’ a mini-hídrica, mas a possibilidade de expropriações afastou a proposta.

Para além de uma percentagem das receitas, estão assumidas outras “compensações”, entre as quais a criação de uma praia a montante e garantir uma albufeira para apoio ao combate a fogos florestais e salvaguardar o regadio.

A empresa promotora afasta implicações negativas da mini-hídrica na utilização do rio na produção agrícola (pequenos frutos), pesca ou atividades de turismo de natureza têm vindo a ser fomentadas localmente (cascata da Agualva, pista natural de canyoning, trilhos pedestres).

A barragem terá uma conduta de adução, uma conduta forçada e uma central hidroelétrica. Será construído um açude com 30 metros de largura e 10 metros de altura. A área alagada inicial apontava para dois hectares, entretanto reduzida para 0,52 hectares.

NA.

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