Apesar da contestação, por receio dos impactos ambientais e paisagísticos, a construção da mini-hídrica do rio Lordelo, em Couto Esteves, concelho de Sever do Vouga, vai arrancar em setembro próximo.
O processo de licenciamento iniciado em 2012 conheceu
avanços e recuos até obter o parecer favorável que permitiu, em setembro de
2019, a assinatura do contrato de concessão com o Estado, representado pela
Agência Portuguesa de Ambiente (APA), para a captação de águas destinadas à
produção de energia elétrica pelo ‘Aproveitamento Hidroeléctrico de Lourizela’
(grupo Energetus)
O presidente da Junta de Freguesia de Couto Esteves, que ‘deu a cara’ pelos contestatários, em vão tentou agendar uma derradeira moção para discutir os ´prós e contras’ do projeto na reunião ordinária da Assembleia Municipal de Sever do Vouga. Sérgio Soares lamentou a decisão da mesa do órgão deliberativo de maioria PSD-CDS impedindo que “o povo conheça a posição” dos três partidos representados (PSD, CDS e PS) e apelou aos partidos para
O autarca de Junta pediu um último
‘forcing’ às forças partidárias para que analisassem e
revissem as “compensações” definidas no estudo de incidências ambientais por
estarem baseados em “pareceres inconsequentes e totalmente desatualizados,
porque em 10 anos se construira a barragem de Ribeiradio, também no território
de Couto Esteves, e já “não são compatíveis com a realidade atual”.
A Junta terá direito a uma percentagem das receitas da
produção de energia, mas Sérgio Soares não acredita que venha a ser relevante.
Pelo contrário, “todos nós temos a noção que vai ser muito pequena, porque o
rio não tem caudal”.
O presidente da Câmara, Pedro Amadeu Lobo (PSD-CDS),
recordou que a autarquia emitiu também o seu parecer, há 10 anos, cujo teor não
foi possível conhecer porque “não existe em lado nenhum”, sendo necessário
pedir uma cópia à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro,
que teve a seu cargo a coordenação do estudo de incidências ambientais.
A Junta de Freguesia de Couto Esteves chegou a colocar a
possibilidade de comprar os terrenos junto ao rio para ‘travar’ a mini-hídrica,
mas a possibilidade de expropriações afastou a proposta.
Para além de uma percentagem das receitas, estão
assumidas outras “compensações”, entre as quais a criação de uma praia a
montante e garantir uma albufeira para apoio ao combate a fogos florestais e
salvaguardar o regadio.
A empresa promotora afasta implicações negativas da
mini-hídrica na utilização do rio na produção agrícola (pequenos frutos), pesca
ou atividades de turismo de natureza têm vindo a ser fomentadas localmente
(cascata da Agualva, pista natural de canyoning, trilhos pedestres).
A barragem terá uma conduta de adução, uma conduta
forçada e uma central hidroelétrica. Será construído um açude com 30 metros de
largura e 10 metros de altura. A área alagada inicial apontava para dois
hectares, entretanto reduzida para 0,52 hectares.
NA.
Sem comentários:
Enviar um comentário