terça-feira, 14 de junho de 2022

Bico calado

  • Mais de 300 médicos de 35 países dizem a Priti Patel que aprovar a extradição de Assange seria "medicamente e eticamente inaceitável". Numa carta aberta enviada à Ministra do Interior, e copiada ao Primeiro Ministro britânico Boris Johnson, ao Lord Chancellor e Secretário de Estado da Justiça Robert Buckland, ao Primeiro Ministro australiano Anthony Albanese e à Ministra dos Negócios Estrangeiros australiana Penny Wong, os médicos chamam a atenção para o facto de Assange ter sofrido um "mini derrame cerebral" em Outubro de 2021. Scheerpost.
  • Em janeiro de 2021, o Ministério dos negócios estrangeiros disse que a Austrália não era parte interessada no caso e continuaria a respeitar o processo legal em curso contra o cidadão australiano Assange. Mas, simultaneamente, exigia a libertação imediata e incondicional do cidadão russo Navalny. Nessa altura, o líder da oposição Anthony Albanese declarava que a detenção de Assange no Reino Unido já erademasiado longa e defendia a sua libertação. Entretanto, Anthony Albanese ganhou as eleições. Questionada sobre se, agora no governo, o partido trabalhista defendia a libertação de Assange, Penny Wong, a ministra dos Negócios Estrangeiros da Austrália, disse que ‘não é um megaphone que faz com que os assuntos externos sejam mais bem feitos’.
  • «A Ucrânia está a perder o conflito contra a Rússia, e nenhum equipamento militar fornecido aos militares ucranianos pelos EUA e outras nações ocidentais será capaz de alterar este resultado. Os EUA sabem disto e, portanto, é preciso questionar a utilidade de fornecer um sistema de alta tecnologia como o MQ-1C em número tão limitado e nesta fase do conflito. A única resposta racional é que os EUA estão a procurar utilizar a operação russa como um laboratório do mundo real, onde os "ratos" são soldados russos e ucranianos. O cinismo de um tal exercício é espantoso, algo que os ucranianos devem recordar quando se calcular o custo final deste conflito conduzido pela OTAN, e a Rússia nunca deve esquecer (ou perdoar) ao lidar com o avanço dos EUA.» Scott Ritter.
  • Demolição das casas dos manifestantes muçulmanos: a Índia copia prática de Israel. MEM.
  • «(…) Agora, pelo 10 de junho, o enfermeiro Luís Pitarma foi condecorado com a Ordem de Mérito com o grau de Oficial. (…) O enfermeiro Luís, de Portugal, recebeu uma distinção em razão dos cuidados prestados ao Boris e, claro, do reconhecimento público que teve a esse propósito. (…) Foi evidente o delírio nacional com os agradecimentos de Boris a um dos nossos. Pode tratar-se de uma caraterística normal para um país pequeno e pobre, e com grandes tradições de subserviência perante países europeus mais ricos. Normal não quer dizer que não seja extremamente pindérico. Somos pindéricos nestas coisas. Partir deste contentamento, e transformá-lo em condecoração, foi surreal. Certo. Mas também pode ser encarado como o assumir daquilo que somos. Perdemos a vergonha. Condecorámos um homem por ter feito o seu trabalho ao prestar cuidados de saúde a Boris Johnson e por este ter ficado agradado. Podíamos estar cheios de orgulho do enfermeiro Luís e disfarçar. Mas não; sem complexos mostrámos qual era a dimensão da coisa. Trata-se de um primeiro-ministro que, ele próprio, não merece qualquer distinção. Um homem que fez festas quando os ingleses assistiam aos funerais de familiares próximos por Zoom. Um inconsciente para não entrar no domínio da ética ou da moral.  (…) Condecorámos Luís Pitarma porque continuamos a fazer o culto dos feitos dos portugueses lá fora. Ainda por cima, lá fora foi o Reino Unido. Um país de gente finíssima e sofisticada que nos deu atenção. Mas vamos supor que o enfermeiro Luís tinha prestado os seus cuidados de saúde a um operário inglês. Nada feito. Não haveria condecoração. E se os tivesse prestado ao primeiro-ministro de um pequeno país africano? Estamos a entrar em matéria muito embaraçosa, mas diria que não; também não haveria condecoração nenhuma. Também se recordarão da algazarra quando Obama escolheu um cão de raça portuguesa. Ou da festa a propósito da iluminação natalícia, em algumas ruas de Londres, da autoria dos irmãos Castros. Enfim. Não basta sermos pobres, também tínhamos de ser parvos. Em Portugal é mais fácil ser condecorado no 10 de junho do que conseguir uma vida justa. Uma das piores críticas que se pode fazer a um português é dizer-lhe que é mesmo português e usando a palavra como adjetivo. O mesmo para o “à portuguesa”. Quando se ouve que alguma coisa foi feita à portuguesa já se sabe que não foi bem-feita. Foi assim que tratámos o enfermeiro Luís “de Portugal”.» Carmo Afonso, A condecoração do enfermeiro Luís – Público 13jun2022.

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