Bico calado

“Calma. Eu até gosta desta.” “Dedicado aos que apenas aguentam ver o que querem ver.”

• 3 de maio é o Dia Internacional da Liberdade de Imprensa. Claro, com Julian Assange a apodrecer na cadeia por publicar crimes de guerra enquanto os media da sua patria nada dizem e nada fazem para o apoiar.  Claro, com a UE a aconselhar os media italianosa abafarem o conteúdo da entrevista de Zona Bianca ao ministro dos NegóciosEstrangeiros ad Rússia, Sergei Lavrov.

• Tem-se a impressão de que, hora a hora, as radios e TVs dizem todos o mesmo. Para não se plagiarem, parafraseam-se enquanto exibem as mesmas imagens de que todos se servem. Suspendem-se canais de TV e não se avisam os clientes. Apesar disso, Portugal está de parabens: merece o 7º lugar numa listade 180 países elaborada pela Repórteres Sem Fronteiras.

• Esta gente anda histérica. A Polónia e a Bulgária não querem pagar em rublos o gás que importam da Rússia. Esta suspendeu as exportações de gás. Claro que, no sistema capitalista, encomendas uma coisa e pagas pore ela, se não pagas não a recebes. Simples? Não. Os donos disto tudo entraram em histeria e falam de chantagem, de provocação, de manobras para os dividir. Para os donos disto tudo, uma base chinesa nas Ilhas Salomão é uma séria ameaça. Mas a NATO a enviar Armas para a Ucrânia é propaganda russa.

• "(...) Acompanhei os incêndios em Odessa, a perseguição sem direitos legais e os assassínios de jornalistas, autarcas, políticos, ecidadãos. Segui a proibição do principal partido da oposição, que tinha sondagens mais elevadas do que o governo de Zelenskyy. (…). É uma longa e triste história que se desenrolou a partir do golpe de 2014, co-gerido pelos EUA, que despojou a Ucrânia da sua neutralidade e a tornou anti-russa. Nos oito anos que se seguiram, cerca de 14.000 pessoas inocentes foram mortas na Ucrânia, nada disso foi coberto com seriedade pelos nossos media. Senti medo quando, recentemente, Victorla Nuland mais uma vez emergiu do nada, avisando os russos e nós, o público alvo, que se os russos usarem uma arma nuclear, vai ser o Diabo. Isto foi rapidamente aproveitado por uma série de funcionários e canais de televisão nos dias seguintes, amplificando a mesma ideia - a Rússia a enveredar pelo nuclear. Tudo isto devido à reafirmação de Putin sobre a política nuclear russa, que, a propósito, não é tão agressiva como a nossa. Isto fez-me pensar, porquê repetir isto vezes sem conta? (…) Por isso, pergunto-me se os EUA não estarão a preparar o cenário para uma explosão nuclear de baixa potência, lançada a partir de um local desconhecido, algures na região de Donbass, matando milhares de ucranianos? Claro que, se isso acontecer, Deus nos livre, todos os olhos do mundo estariam treinados, como um cão de Pavlov, para culpar a Rússia. Essa culpa já foi criada com antecedência, independentemente de quem lançou a arma. Esta utilização teria certamente impacto nos restantes 50% da opinião mundial, que não se encontra no Ocidente. A Rússia seria o Diabo. Sublinhe-se que é difícil saber de onde uma arma nuclear é disparada, especialmente numa situação de rápida evolução como esta guerra, em que parece que a Rússia pode ser acusada de qualquer comportamento, por mais absurdo que seja. Levaria provavelmente alguns dias a descobrir a verdade, mas a verdade não é importante. A percepção é, e os EUA estão a gerir uma percepção de guerra com grande habilidade e força bruta, saturando as ondas de rádio CNN/Fox e seus  países satélites na Europa e na Ásia como nunca se vira. Ao fazer isto, estaríamos um passo mais perto de conseguir o que esperamos seja outro Ieltsin, que possa criar para o nosso país outra enorme oportunidade ideológica e comercial. Mas, mais importante, no regatear, isolar a China da Rússia. Naturalmente, a China seria o próximo alvo se a Rússia cair. Isto, acredito, é o cenário de sonho dos neoconservadores anarquistas do nosso governo para fazer o que consideram um melhor "mundo baseado em regras".» Oliver Stone, 2mai2022.