Bico calado
- A 25 de Julho de 2015, a China-Sonangol Investment
transferiu, a partir da Indonésia, 10 milhões de dólares para a conta da
República de São Tomé e Príncipe na Caixa Geral de Depósitos. Esse valor fazia
parte de um acordo de crédito, no total de 30 milhões de dólares, entre o China
International Fund e o governo são-tomense. Os restantes 20 de dólares
“desapareceram”, e o governo de São Tomé não sabe nem como solicitá-los, nem a
quem pagar a dívida dos 10 milhões de dólares. Maka Angola.
- Washington vai enviar helicópteros russos para Kiev.
Washington tinha comprado os helicópteros Mi-17V5 e Mi-8MTV para o exército
afegão. Em 2011, a Federação Russa e os EUA assinaram um acordo segundo o qual
estes helicópteros só podiam ser utilizados pelo Afeganistão e não deviam ser
transferidos para ninguém sem o consentimento de Moscovo. John Hudson,
Washington Post.
- «Instalou-se grande algazarra a propósito da compra do
Twitter pelo bilionário Musk. O furor atual está mal orientado por duas razões.
Primeiro, pressupõe que um bilionário proprietário do Twitter é
significativamente mais nocivo do que um monte de proprietários bilionários.
Segundo, preocupa-se que Musk esteja comprometido com uma versão anárquica da
liberdade de expressão que irá minar a saúde das nossas sociedades. (…) Dinheiro
é poder. O facto de as nossas sociedades permitirem que um pequeno número de
indivíduos acumule riquezas incalculáveis significa que também temos deixado
eles ganharem um poder incalculável sobre nós. (…) Musk, como todos os
bilionários, defende o mesmo pressuposto ideológico de que a sociedade
beneficia se tiver uma classe de super-ricos. Alguns são mais
"filantrópicos" que outros, utilizando a riqueza que pilharam do bem
comum para comprar o equivalente atual a uma indulgência - um bilhete para o
céu outrora vendido pela Igreja Católica por uma soma principesca. Estes
"filantropos" reciclam muito publicamente as suas riquezas, ao mesmo
tempo que reclamam silenciosamente isenções fiscais, para fazer parecer que
merecem a sua fortuna ou que o planeta ficaria pior sem eles. (…) E alguns
bilionários estão mais empenhados na liberdade de expressão do que outros. (…)
Certamente que seria benéfico que o Twitter corresse usando um algoritmo
transparente e de código aberto, como defende Musk, em vez dos algoritmos
secretos cada vez mais preferidos pelos bilionários por trás do Google, Youtube
e Facebook. Mas uma coisa a que o super-rico não está aberto é à ideia de que
os bilionários devem ser uma coisa do passado, como a escravatura ou o direito
divino dos reis. Em vez disso, continuam todos empenhados no seu próprio poder
permanente - e qualquer que seja o modelo económico destruidor do planeta, é
necessário para o sustentar. E estão também empenhados na ideia de que deveriam
ter muito mais poder do que a população em geral, porque são supostamente os
vencedores de uma corrida global de meritocracia. Acreditam que são melhores do
que o resto de nós - que a seleção natural os escolheu. (…) A ‘polémica’ é a
sua marca, e ser um "absolutista da liberdade de expressão" serve o
seu objetivo de ganhar o consentimento popular para o seu reino, exatamente da
mesma forma como a exploração de vacinas faz para Bill Gates. (…) A razão pela
qual os bilionários e as empresas - bem como os estados - querem controlar os
media é precisamente porque uma mentira tem mais probabilidades de voar do que
a verdade. As nossas sociedades têm sido concebidas com base neste princípio
desde que nos dividimos em líderes e seguidores. Se a verdade mandasse, e as
plataformas dos media pouco pudessem fazer para nos influenciar a não ver
claramente a realidade, as pessoas mais ricas do planeta não estariam a
investir o seu dinheiro nos media. Mas se todos pudéssemos ver claramente a
realidade - sem a interferência dos media corporativos - não haveria
bilionários. Teríamos compreendido que a sua imensa riqueza era uma ameaça
demasiado grande para ser permitida, que a sua fortuna poderia ser facilmente virada
contra nós, comprando os nossos políticos e transformando as nossas democracias
em conchas cada vez mais ocas, despojadas das coisas boas que pretendíamos. Se
os bilionários não estivessem a fazer fortunas com a venda de armas, não
estaríamos sempre a aplaudir as guerras. Se os bilionários não exigissem o
direito de comprar políticos, poderíamos estar mais preparados para enfrentar
os nossos sistemas políticos e mediáticos disfuncionais. Se os bilionários não
estivessem a lucrar com a destruição do mundo natural, poderíamos estar a ter
um debate mais realista sobre a iminente extinção da nossa espécie. (…) Estamos
agora no fundo das trincheiras de uma guerra de informação. Quem deve ser
autorizado a falar? Independentemente do que possamos imaginar, os vencedores
serão mais uma vez os bilionários - até deixarmos de nos recrutar para sermos
os seus peões de brega. Jonathan Cook,
Elon Musk
Isn’t a Threat to Society’s Health. All Billionaires Are - MPN.
- Cerca de 7 mil milhões de dólares de equipamento militar
que os EUA transferiram para o governo afegão ao longo de 16 anos foi deixado
para trás no Afeganistão após a retirada dos EUA daquele país em agosto. Este
equipamento encontra-se agora num país que é controlado pelo próprio inimigo
que os EUA tentaram expulsar nas últimas duas décadas: os Talibãs. O
Departamento de Defesa não tenciona regressar ao Afeganistão para
"recuperar ou destruir" o equipamento. Ellie Kaufman, CNN.
- Colonialismo indirecto: O papel dos EUA na crise política
do Paquistão. O Paquistão é uma vítima do colonialismo indirecto dos Estados
Unidos, desde o golpe de 1977 contra Zulfikar Ali Bhutto até ao derrube do
Primeiro-Ministro Imran Khan em 2022. Abdul Jabbar, Multipolarista.
- A Nicarágua expropria o edifício da OEA, indo
reconvertê-lo para "Museu da Vergonha" para documentar aquilo a que
chama ‘crimes imperialistas’. Benjamin Norton, Multipolarista.
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