terça-feira, 21 de setembro de 2021

Reflexão – 721 obras públicas relacionadas com passadiços em 10 anos!

«(…) até onde se deve intervir na paisagem com passadiços, trilhos, baloiços e pontes? Um passadiço de madeira tem méritos inquestionáveis, ao facilitar o acesso a outros grupos etários e de mobilidade, ao desencorajar o pisoteio e ao democratizar a caminhada, mas é sempre uma agressão. E, com frequência, não é mais do que uma marca criada em cima de um percurso pedestre que já existia ou que podia ser feito sem artifícios.

Em Nisa, por exemplo, o novo Trilho da Barca da Amieira sobrepõe-se ao velho PR1-NIS Trilho das Jans. Um amigo geólogo queixa-se que a insensibilidade foi tanta que quem montou o novo projecto (com passadiços, baloiços e modelos de aves em ferro) ignorou os velhos muros de sirga utilizados no passado para vencer os cachões do Tejo.

Não sou totalmente avesso a passadiços até porque eles têm a vantagem de um dia poderem ser removidos sem grandes repercussões na paisagem. Uma ponte de betão ficará lá para sempre, como uma cicatriz da nossa época.

Mas consulto o Portal Base e verifico que, nos últimos dez anos, foram adjudicadas 721 obras públicas relacionadas com passadiços.... 721! Já passámos o ponto da loucura.» 

Gonçalo Pereira Rosa, 18set2021.

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