Há uma guerra israelita em curso, mas escondida, contra
os palestinianos, que raramente é referida ou mesmo conhecida. É uma guerra por
água, que se desenrola há décadas.
Israel não ocupa apenas terras palestinianas, também usurpa sistematicamente todos os seus recursos, incluindo a água, em flagrante violação do direito internacional que garante os direitos fundamentais de uma nação ocupada.
A Cisjordânia ocupada obtém a maior parte da sua água do
Aquífero de Montanha, que está subdividido em três aquíferos mais pequenos: o
Aquífero Ocidental, o Aquífero Oriental e o Aquífero do Nordeste. Teoricamente,
os palestinianos têm água em abundância, pelo menos o suficiente para
satisfazer a quota de água mínima exigida de 102-120 litros por dia, tal como
recomenda a Organização Mundial de Saúde. Na prática, porém, isto não acontece.
Infelizmente, a maior parte da água destes aquíferos é apropriada diretamente
por Israel. Alguns chamam-lhe "captação de água"; os palestinianos
chamam-lhe "roubo".
Enquanto em Israel o consumo diário per capita de água é estimado em 300 litros, os colonos judeus ilegais na Cisjordânia consomem mais de 800 litros por dia. Este número torna-se ainda mais escandaloso se comparado com a escassa quantidade usufruída por um palestiniano - 70 litros por dia. Este problema é acentuado na chamada "Área C" na Cisjordânia. A 'Área C' consiste em quase 60 por cento da dimensão total da Cisjordânia e, ao contrário das 'Áreas A' e 'B', é a menos povoada. É na sua maioria terra fértil e inclui o Vale do Jordão, conhecido como "o celeiro da Palestina".
Apesar de o governo israelita ter decidido, em 2019,
adiar a anexação formal dessa área, há anos que existe uma anexação de facto. A
apropriação ilegal da nascente de Ein al-Hilweh por colonos judeus ilegais faz
parte de um estratagema maior que visa a apropriação do Vale do Jordão.
Dos mais de 150.000 palestinianos que vivem na "Área
C", cerca de 40 por cento sofrem de "grave escassez de água
potável". Essa escassez pode ser remediada se os palestinianos forem
autorizados a perfurar novos poços, a expandir os atuais ou a utilizar
tecnologias modernas para disponibilizar outras fontes de água doce. O exército
israelita não só os proíbe de o fazer, como até mesmo a água da chuva está fora
de questão para os palestinianos.
"Israel controla a recolha da água da chuva em grande parte da Cisjordânia e as cisternas de recolha da água da chuva pertencentes às comunidades palestinianas são frequentemente destruídas pelo exército israelita", sublinha um relatório da Amnistia Internacional, publicado em 2017.
Ramzy Baroud, Dissident Voice.
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