quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Bico calado

  • A Austrália está a ganhar à China, Rússia, ao Japão e aos EUA na contagem de medalhas olímpicas, escreve Michael West. O esquema é que a contagem das medalhas olímpicas calcula os países pela sua contagem total de medalhas não sobre a métrica de desempenho mais justa que são as medalhas per capita. Numa base per capita, os australianos ganharam uma medalha de ouro por cada 1,8 milhões de pessoas. Isto compara-se às 24 medalhas de ouro da China, o que equivale a uma medalha de ouro por cada 58 milhões de pessoas, e às 20 medalhas de ouro dos Estados Unidos, o que equivale a uma única medalha de ouro por cada 16 milhões de pessoas. Vagamente relacionado: porque é que o jornal Público omite com frequência a contagem das medalhas de Cuba?
  • Com as contas limpas, Novo Banco acumula lucros de 137 milhões no primeiro semestre. Depois de injecções de 3,4 mil milhões para limpar créditos problemáticos, o banco repete resultados trimestrais positivos. Pedro Ferreira Esteves, Público 3ago2021. Até quando gozam connosco?
  • “Em Lisboa há menos mesquinhez e inveja” Luís Filipe Menezes, Público 4ago2021. Ainda se lembra da sua revolta quando gritou “sulistas, elitistas, barrosistas”?
  • «(…) Perante a morte do estratega e herói operacional do 25 de Abril, Otelo Saraiva de Carvalho, o Estado português ficou de cócoras. Aninhado e pequenino, cheio de medo do embate com o reflexo de um homem dual, controverso, mas incontornável na história de liberdade que o país contará, se quiser olhar-se fiel ao espelho, sem distorção. Perante a partida de Otelo, Rebelo de Sousa e António Costa usaram a estratégia de meias-tintas-bolor de Marcelo, esse mesmo, o outro, o do passado. Foi um Estado, novo. Luto nacional? Impensável, nenhum outro capitão de Abril teve semelhante honraria. Só o facto de a morte de um capitão de Abril nunca ter merecido essa honra de Estado já deveria encher de luto o luto nacional. Mas, depois, o contraste. Se Otelo não estivesse envolvido nas FP-25 - como infelizmente e à sua medida esteve -, é evidente que o luto nacional teria sido decretado. A sua contribuição para o 25 de Abril, de toda a forma, faria a síntese do Movimento das Forças Armadas que, naquela madrugada, plantou Liberdade. Sendo essa a razão da inércia de Estado (e não outra, como a da hipócrita razão do "precedente"), ficamos democraticamente sobressaltados sabendo que nada obstou a que se decretasse luto nacional na morte de Spínola, responsável pelo MDLP e pelos seus múltiplos atentados terroristas. Há um luto para a extrema-direita que não chega à extrema-esquerda, essa que em tempos foi de Otelo, mesmo sendo ele que pelo 25 de Abril nos trouxe aqui, à possibilidade das palavras e do contraditório. Algo que Spínola sempre desdenhou. Para um país que condecorou PIDES, nada a acrescentar. Talvez por isso alguns aleguem demência. Talvez seja essa a razão que leve o alzheimer a galopar imparável no tempo determinado pelo fatalismo, enquanto se exercita o francês na Sardenha para que nenhum português desconfie. Talvez por isso, muitos continuem a considerar possível manter um Estado de excepção aparentado de um Estado de gozo, onde se dá uma garagem por obras de arte ou palheiro por acções. A Justiça ainda tem um longo caminho a fazer pelo Estado de direito quando ele é desigual. Seja em luto ou por demência, há todo um país que não esquece.» Miguel Guedes, Por luto ou por demência – JN 30jul2021.

1 comentário:

OLima disse...

Por milhão de habitantes Portugal já ganhou nas Olimpíadas em Tóquio sete vezes mais medalhas olímpicas do que a China, 40% mais medalhas do que os EUA e quase 10% mais medalhas do que o Japão.
Miguel Szymanski
https://twitter.com/miguelszymanski/status/1423551346482032640