Bico calado
- A Austrália está a ganhar à China, Rússia, ao Japão e aos
EUA na contagem de medalhas olímpicas, escreve Michael West. O esquema é que a contagem das medalhas olímpicas calcula
os países pela sua contagem total de medalhas não sobre a métrica de desempenho
mais justa que são as medalhas per capita. Numa base per capita, os
australianos ganharam uma medalha de ouro por cada 1,8 milhões de pessoas. Isto
compara-se às 24 medalhas de ouro da China, o que equivale a uma medalha de
ouro por cada 58 milhões de pessoas, e às 20 medalhas de ouro dos Estados
Unidos, o que equivale a uma única medalha de ouro por cada 16 milhões de
pessoas. Vagamente relacionado: porque é que o jornal Público omite com frequência
a contagem das medalhas de Cuba?
- Com as contas limpas, Novo Banco acumula lucros de 137
milhões no primeiro semestre. Depois de injecções de 3,4 mil milhões para
limpar créditos problemáticos, o banco repete resultados trimestrais positivos.
Pedro Ferreira Esteves, Público 3ago2021. Até quando gozam connosco?
- “Em Lisboa há menos mesquinhez e inveja” Luís Filipe
Menezes, Público 4ago2021. Ainda se lembra da sua revolta quando gritou
“sulistas, elitistas, barrosistas”?
- «(…) Perante a morte do estratega e herói operacional do
25 de Abril, Otelo Saraiva de Carvalho, o Estado português ficou de cócoras.
Aninhado e pequenino, cheio de medo do embate com o reflexo de um homem dual,
controverso, mas incontornável na história de liberdade que o país contará, se
quiser olhar-se fiel ao espelho, sem distorção. Perante a partida de Otelo,
Rebelo de Sousa e António Costa usaram a estratégia de meias-tintas-bolor de
Marcelo, esse mesmo, o outro, o do passado. Foi um Estado, novo. Luto nacional?
Impensável, nenhum outro capitão de Abril teve semelhante honraria. Só o facto
de a morte de um capitão de Abril nunca ter merecido essa honra de Estado já
deveria encher de luto o luto nacional. Mas, depois, o contraste. Se Otelo não
estivesse envolvido nas FP-25 - como infelizmente e à sua medida esteve -, é
evidente que o luto nacional teria sido decretado. A sua contribuição para o 25
de Abril, de toda a forma, faria a síntese do Movimento das Forças Armadas que,
naquela madrugada, plantou Liberdade. Sendo essa a razão da inércia de Estado
(e não outra, como a da hipócrita razão do "precedente"), ficamos
democraticamente sobressaltados sabendo que nada obstou a que se decretasse
luto nacional na morte de Spínola, responsável pelo MDLP e pelos seus múltiplos
atentados terroristas. Há um luto para a extrema-direita que não chega à
extrema-esquerda, essa que em tempos foi de Otelo, mesmo sendo ele que pelo 25
de Abril nos trouxe aqui, à possibilidade das palavras e do contraditório. Algo
que Spínola sempre desdenhou. Para um país que condecorou PIDES, nada a acrescentar.
Talvez por isso alguns aleguem demência. Talvez seja essa a razão que leve o
alzheimer a galopar imparável no tempo determinado pelo fatalismo, enquanto se
exercita o francês na Sardenha para que nenhum português desconfie. Talvez por
isso, muitos continuem a considerar possível manter um Estado de excepção
aparentado de um Estado de gozo, onde se dá uma garagem por obras de arte ou
palheiro por acções. A Justiça ainda tem um longo caminho a fazer pelo Estado
de direito quando ele é desigual. Seja em luto ou por demência, há todo um país
que não esquece.» Miguel Guedes, Por luto ou por demência – JN 30jul2021.
1 comentário:
Por milhão de habitantes Portugal já ganhou nas Olimpíadas em Tóquio sete vezes mais medalhas olímpicas do que a China, 40% mais medalhas do que os EUA e quase 10% mais medalhas do que o Japão.
Miguel Szymanski
https://twitter.com/miguelszymanski/status/1423551346482032640
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