terça-feira, 8 de junho de 2021

Bico calado

  • Comentadores britânicos demonizaram os pais por protestarem contra a utilização de um desenho animado do Profeta Maomé na escola. Agora que um inquérito independente deu razão aos pais, os media estão calados. John HolmwoodPeter Oborne, MEE.
  • Givara Budeiri, jornalista da Al-Jazeera, que cobria protestos de palestinianos no bairro de Sheikh Jarrah, foi detida pela polícia israelita. No domingo foram presos activistas da campanha #SaveSheikhJarrah. AbrilAbril.
  • «(…) o consumo de coca não nasceu com os Espanhóis, já existia no tempo dos Incas. A coca distribuía-se, no entanto, com moderação; o governo inca monopolizava-a e só permitia o seu uso para fins rituais ou para o duro trabalho nas minas. Os Espanhóis estimularam enormemente o consumo de coca. Era o negócio magnífico. No século 16, em Potosí, gastava-se tanta roupa europeia para os opressores como em coca para os oprimidos. 400 mercadores espanhóis viviam em Cuzco do comércio de coca; nas minas de prata de Potosí entravam anualmente 100 mil cestos, com 1 milhão de quilos de folhas de coca. A Igreja cobrava impostos à droga. O inca Garcilaso de La Vega diz-nos, nos seus ‘comentários reais’, que a maior parte da renda do bispo, dos cónegos e dos restantes ministros da igreja de Cuzco provinha do dízimo sobre a coca, e que o transporte e a venda deste produto enriqueciam muitos espanhóis. Com as poucos moedas que obtinham em troca do seu trabalho, os Índios compravam folhas de coca em vez de comida: mastigando-as, conseguiam suportar melhor (…) as tarefas mortais impostas.» Eduardo Galeano, As veias abertas da América Latina (1971) – Antígona 2017.

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