quinta-feira, 24 de junho de 2021

Bico calado

  • «A partir do começo do século surgiram também nas Honduras, Guatemala e Costa Rica os enclaves bananeiros. Para transportar o café até aos portos tinham nascido já algumas linhas de caminho-de-ferro financiadas pelo capital nacional. As empresas norte-americanas apoderaram-se dessas vias férias e criaram outras para o transporte exclusivo da banana a partir das plantações, ao mesmo tempo que criavam o monopólio dos serviços de energia elétrica, correios, telégrafos, telefone e, serviço público não menos importante, também o monopólio da política: nas Honduras, “uma mula custa mais que um deputado” e em toda a América Central dos embaixadores dos Estados Unidos presidem mais que os presidentes. A United Fruit Co. engoliu os seus concorrentes na produção e venda de banana, transformou-se na principal da empresa latifundiária da América Central, e as suas filiais açambarcaram o transporte ferroviário e marítimo; tornou-se dona dos portos, dispondo de alfândega e polícia próprias. O dólar transformou-se de facto na moeda nacional centro-americana.» Eduardo Galeano, As veias abertas da América Latina (1971) – Antígona 2017.
  • «(…) Digo já que não terei saudades, para referir só alguns pontos avulsos de: carros, a gasóleo ou gasolina, a passar na minha rua e a empestar o ar que segundos antes cheirava a maresia, dos passeios por onde tento andar com as minhas filhas a caminho da escola transformados em parques de estacionamento, de pessoas a conduzir como se não houvesse amanhã e que não param nas passadeiras, de pais e mães que estacionam em segunda e terceira fila em frente às escolas, de caminhos de bicicleta esburacados, de adultos que não sabem deixar os filhos andar umas centenas de metros a pé ou de bicicleta até à escola, (…) de gestores de bancos falidos que se atribuem prémios de milhões, de políticos arrogantes e mal educados, do culto da personalidade em volta de governantes, (…) de noticiários que mostram quatro vezes o mesmo presidente da república como se as televisões fossem agências de propaganda política, de políticos do centro que minam o sistema com corrupção e nepotismo, (…) das pessoas sentadas à mesa a olhar para os telemóveis em vez de conversarem, da cultura nivelada por baixo, dos centros comerciais abertos até altas horas da noite a destruir a vida familiar de centenas de milhares de famílias, (…) de fruta embalada em plástico, de pesticidas e herbicidas nos campos e nos passeios públicos, da lógica do lucro acima da do bem estar, do materialismo desenfreado, (…) de futebol a abrir os noticiários, de patetas partidários em gerir direcções-gerais e pelouros municipais, de ver gente que trabalha e não sai da pobreza (…)» Miguel Szymanski, O tempora o mores PT Post.
  • Os visitantes de futebol VIPs, funcionários da Uefa e da Fifa, políticos, patrocinadores -, poderão ser isentos das regras de auto-isolamento à chegada ao Reino Unido ao abrigo de planos que lhes permitam assistir aos jogos finais do Euro 2020. O governo britânico anunciou que mais de 60.000 adeptos de futebol serão autorizados a assistir às meias-finais e à final em Wembley, caso tenham um teste Covid-19 negativo ou provem que estão duplamente vacinados. The Canary.

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