segunda-feira, 14 de junho de 2021

Bico calado

  • Mariano Sánchez Soler: "Não houve milagre espanhol, mas sim trabalhadores sem direitos e com salários baixos". No seu último trabalho, Os ricos de Franco, o jornalista faz uma viagem cronológica e histórica pelas famílias que beneficiaram da ditadura e cujos privilégios mantiveram anos mais tarde. Lis Gaibar, El Salto.
  • «Esta cimeira do G7 vai ficar famosa pela infâmia. Confrontados com a maior emergência sanitária num século e uma catástrofe climática que está a destruir o nosso planeta, falharam completamente em responder aos desafios do nosso tempo. Nunca na história do G7 houve um fosso maior entre as suas acções e as necessidades do mundo. Face a estes desafios, o G7 optou por cozinhar os livros de vacinas e continuar a cozinhar o planeta. Não precisamos de esperar que a história considere esta cimeira um fracasso colossal, é claro para todos verem». Max Lawson, Oxfam.
  • «Esta cimeira do G7 é um imenso desperdício de dinheiro. Fecharam o nosso hospital, fecharam a nossa esquadra de polícia e estão a desperdiçar milhões e milhões de libras para os figurões fazerem uma festa. Tudo isto poderia ser feito online. Estou realmente zangado com isso - o número de pessoas que trazem para aqui, apesar do confinamento. Fomos trancados aqui, por isso nem sequer podemos sair pela nossa porta da frente.» Queixa de um residente contra as limitações impostas pela cimeiar do G7 na Cornualha. The Canary.
  • Câmaras ainda devem 55 milhões por causa do Euro 2004. Das nove Câmaras apenas duas já saldaram todas as dívidas contraídas para fazer obras ou construir de raiz estádios. Há dívidas que vão até 2030, data em que Portugal se candidatou a organizar um mundial de futebol em conjunto com Espanha. Esquerda.
  • «20% do lucro dos empresários que estiveram no arraial da Iniciativa Liberal foi para o partido. Afinal, também gostam de cobrar impostos. Neste caso, puseram a render o privilégio de serem os únicos que podiam organizar um arraial.» Daniel Oliveira.
  • «O açúcar, que se cultivava em pequena escala na Sicília e nas Ilhas da Madeira e de Cabo Verde e se comprava, a preços elevados, no Oriente, era um artigo tão cobiçado pelos europeus que até nos dotes das rainhas chegou a figurar. Vendia-se nas farmácias e era pesado em gramas. Durante quase três séculos, a partir da descoberta da América, não houve, para o comércio da Europa, produto agrícola mais importante que o açúcar cultivado nestas terras. Ergueram-se os canaviais no litoral do nordeste do Brasil. Posteriormente, também as Ilhas das Caraíbas, Barbados, Jamaica, Haiti e Dominicana, Guadalupe, Cuba, Porto Rico -, Vera Cruz e a costa peruana acabaram por ser sucessivos panoramas propícios à exploração em grande escala do ‘ouro branco’. Imensas legiões de escravos vieram de África para proporcionar ao rei açúcar a força de trabalho numerosa e gratuita que este exigia: combustível humano para queimar. As terras foram devastadas por esta planta egoista que invadiu o Novo Mundo, arrasando os bosques, desperdiçando a fertilidade natural e extinguindo o húmus acumulado pelos solos. O longo ciclo do açúcar deu origem, na América Latina, a prosperidades estão mortais como as que foram geradas, em Potosí, Ouro Preto, Zacatecas e Guanajuato, pelo furor da prata e do ouro; ao mesmo tempo, impulsionou com uma força decisiva, direta e indiretamente, o desenvolvimento industrial da Holanda, da França, da Inglaterra e dos Estados Unidos.» Eduardo Galeano, As veias abertas da América Latina (1971) – Antígona 2017.

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