quinta-feira, 13 de maio de 2021

Bico calado

  • 19 anos de solidão. Tubo de Ensaio/TSF.
  • «Adoro que haja países que digam "não" aos Estados Unidos da América, quanto mais não seja para diminuir um pouco a sensação sufocante de que os seus governantes mandam no mundo a seu bel-prazer. Mas quando é o governo dos Estados Unidos da América a propor a chamada suspensão das patentes das vacinas para a covid-19 e o "não" a esta ideia vem dos seus aliados da União Europeia (UE) - quase sempre servis em quase todos os assuntos deste planeta - mordo a língua.(…) Quando António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa, repetindo as teses da Alemanha e da Comissão Europeia, dizem que a solução para o fornecimento das vacinas aos países pobres está em aumentar a produção, e não em ceder patentes, estão a propagandear uma falácia: como é óbvio, se mais países, com esses licenciamentos provisórios, pudessem fabricar vacinas, mais rapidamente se resolveria o problema do fornecimento e da escalada de preços que a inicial falta destes medicamentos, entretanto, provocou. O que interessa à UE é o que o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse este fim de semana em Portugal, à margem da (ironicamente) Cimeira Social que decorreu no Porto: "Cerca de 50% das doses produzidas em solo europeu são exportadas, o que atesta a solidariedade, o nosso empenho em manter abertas as cadeias de abastecimento." Na realidade, isto nada tem de solidário. O que isto quer dizer é que a UE não quer abdicar da sua quota no negócio da exportação de vacinas para os países pobres, no âmbito do projeto "solidário" Covax. Se as empresas que fabricam na Europa cederem licenças compulsórias a países como, por exemplo, o Brasil, a África do Sul ou a Índia, estes poderiam, durante esse período, entregar (e cobrar) à Covax aquilo que a UE deixaria de fornecer. As perdas financeiras para as fábricas europeias seriam certamente relevantes. Entretanto, os dirigentes europeus atiram-nos com a palavra "solidariedade" em cada declaração que fazem e escondem um egoísmo que pode levar o mundo a retardar o fim dos efeitos da pandemia - e, entretanto, vão morrendo mais pessoas e as economias, mesmo as europeias, empobrecem. Não é estúpido?» Pedro Tadeu, A União Europeia é a potência mais egoísta do planeta? - DN 12mai2021.
  • Um tribunal de Niamey, Níger, multou o jornalista de investigação Moussa Aksar em mais de 1800 euros na sequência de uma queixa apresentada por um indivíduo mencionado numa investigação de Aksar sobre um alegado escândalo de compras militares. No ano passado, como parte da investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos FinCEN Files, em colaboração com BuzzFeed News, Aksar comparou detalhes de uma auditoria governamental divulgada com registos bancários para revelar novos pormenores sobre contratos assinados com empresas de fachada para a compra de helicópteros e outro equipamento militar. Will Fitzgibbon, ICIJ.
  • Um antigo director da BP Singapore e um executivo de um fornecedor de combustíveis navais baseado em Singapura foram condenados a quatro anos e meio de prisão por receber cerca de 3,95 milhões de dólares em subornos de Koh Seng Lee, um director executivo da Pacific Prime Trading. Roslan Khasawneh e Edwina Gibbs, Reuters.
  • «(…) Finalmente, Luís Filipe Vieira e o seu faro para os negócios imobiliários. É verdade que os alicerces assentam numa dívida de centenas de milhões, mas é preciso paciência: dentro de 15 anos, “haverá dinheiro para toda a gente”. Vieira não é como os outros, “que guardaram dinheiro, fugiram, pediram insolvência”. Os seus negócios são uma mina de ouro. Tão rentáveis que um amigo, conhecido como “rei dos frangos”, comprou por oito milhões uma dívida de 54 que o Novo Banco tinha vendido por cinco aos abutres. Confuso? Não tente deslindar. São negócios só ao alcance de génios que têm uma vida bem mais confortável do que a sua. Só nos faltava agora que os portugueses tentassem “encontrar culpados pelas suas insuficiências”Rafael Barbosa, “Elites podres” – JN 12mai2021.
  • «(…) Filipe Vieira e Moniz da Maia são os casos mais recentes de descaramento e na forma de tratar os portugueses por parvos. Os mesmos que, por via fiscal e através da redução de investimentos e apoios públicos, ainda pagam (e pagarão) a gigantesca destruição financeira do BES e do Novo Banco. Os mesmos que ouvem os senhores, geradores de enormes perdas naquelas “instituições”, fingirem que não se lembram, que não foram informados, que não participaram nos “negócios” que levaram aos resgates. Num Parlamento que se desse ao respeito, Vieira e Maia (como, antes deles, Salgado, Bava ou Granadeiro) não se atreveriam à brincadeira. Numa democracia moderna, este tipo de processos já estaria julgado e os infratores condenados. Como empresário, não me reconheço nestes comportamentos indignos. Como presidente da mais antiga associação empresarial do nosso país, entendo que esta gente dá mau nome a uma classe séria, trabalhadora e honrada. (…) Esta gente é uma vergonha.» Nuno Botelho, presidente da Associação Comercial do Porto – JN 12mai2021.

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