quinta-feira, 22 de abril de 2021

Bico calado

  • Portugal está em 9.º lugar, em 180, na classificação de 2021 do índice de liberdade de imprensa estabelecido pela organização Repórteres Sem Fronteiras. Onde páram os media ingleses e norte-americanos, diariamente seguidos e citados pelos media portugueses port udo e por nada? Reino Unido em 33, EUA em 44…
  • «Porque é que Jesse Owens não foi homenageado pelo presidente? Owens não recebeu nenhum telegrama de felicitações pelo seu recorde de medalhas. No seu regresso, não houve nenhum convite para ir à Casa Branca cumprimentar o Presidente. Essa honra foi reservada aos atletas olímpicos brancos. Owens teve mesmo de assistir a uma recepção não presidencial em sua honra com a sua mãe no Waldorf Astoria, utilizando o elevador de mercadorias. Terá Roosevelt, arquitecto do New Deal, sido um racist disfarçado? Segundo um relato, FDR segregava os criados pretos e brancos na Casa Branca à hora das refeições para os impedir de falar. Nomeou Hugo Black para o Supremo Tribunal, sabendo que tinha sido membro do Ku Klux Klan. Ele não promulgou nem apoiou legislação que proibisse o linchamento. O movimento de direitos civis dos EUA estava ainda `distância de pelo menos duas décadas para ter um líder como Martin Luther King. Em 1936, mais de 70 anos após Abraham Lincoln ter declarado a emancipação dos escravos que tinham lutado pela liberdade do lado da União na Guerra Civil, a sociedade americana ainda estava repleta de discriminação racial. Owens tinha vivido esta realidade toda a sua vida, desde a sua infância pobre no Alabama até ao seu crescente sucesso como atleta universitário. Embora fosse o primeiro capitão negro da equipa de atletismo da Universidade do Estado do Ohio, teve de viver fora do campus, tomar banho separadamente, comer em restaurantes designados apenas para negros e, quando viajava, ficar em hotéis apenas para negros. Depois de baralhar teorias raciais nazis no estádio olímpico de Berlim, foi doloroso regressar à sua pátria e encontrar sinais claros de atitudes semelhantes. No entanto, não pareceu surpreendido. Diria mais tarde: "Eu tinha passado toda a minha vida a ver o meu pai e a minha mãe e os meus irmãos e irmãs mais velhos a tentarem escapar ao seu próprio tipo de Hitler, primeiro no Alabama e depois em Cleveland, e tudo o que eu queria agora era a minha oportunidade de correr o mais depressa possível e dar o salto mais longo que pudesse para nunca ter de olhar para trás. Se eu pudesse simplesmente ganhar aquelas medalhas de ouro, disse a mim mesmo, os Hitlers do mundo não teriam mais significado para mim. Para qualquer um, talvez". (…) Acreditava no ethos do desporto, no seu poder de transcender a política. E no entanto, em 1972, escreveu no seu livro ‘I Have Changed’: "Percebi agora que a militância, no melhor sentido do termo, era a única resposta para o negro em questão, que qualquer negro que não fosse militante em 1970 ou era cego ou cobarde".» The Telegraph 27mai2016.

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