Bico calado
- Portugal está em 9.º lugar, em 180, na classificação de 2021 do índice de liberdade de imprensa estabelecido pela organização Repórteres Sem Fronteiras.
Onde páram os media ingleses e norte-americanos, diariamente seguidos e citados
pelos media portugueses port udo e por nada? Reino Unido em 33, EUA em 44…
- «Porque é que Jesse Owens não foi homenageado pelo
presidente? Owens não recebeu nenhum telegrama de felicitações pelo seu recorde
de medalhas. No seu regresso, não houve nenhum convite para ir à Casa Branca
cumprimentar o Presidente. Essa honra foi reservada aos atletas olímpicos
brancos. Owens teve mesmo de assistir a uma recepção não presidencial em sua
honra com a sua mãe no Waldorf Astoria, utilizando o elevador de mercadorias. Terá
Roosevelt, arquitecto do New Deal, sido um racist disfarçado? Segundo um
relato, FDR segregava os criados pretos e brancos na Casa Branca à hora das
refeições para os impedir de falar. Nomeou Hugo Black para o Supremo Tribunal,
sabendo que tinha sido membro do Ku Klux Klan. Ele não promulgou nem apoiou
legislação que proibisse o linchamento. O movimento de direitos civis dos EUA
estava ainda `distância de pelo menos duas décadas para ter um líder como Martin
Luther King. Em 1936, mais de 70 anos após Abraham Lincoln ter declarado a
emancipação dos escravos que tinham lutado pela liberdade do lado da União na
Guerra Civil, a sociedade americana ainda estava repleta de discriminação
racial. Owens tinha vivido esta realidade toda a sua vida, desde a sua infância
pobre no Alabama até ao seu crescente sucesso como atleta universitário. Embora
fosse o primeiro capitão negro da equipa de atletismo da Universidade do Estado
do Ohio, teve de viver fora do campus, tomar banho separadamente, comer em
restaurantes designados apenas para negros e, quando viajava, ficar em hotéis
apenas para negros. Depois de baralhar teorias raciais nazis no estádio
olímpico de Berlim, foi doloroso regressar à sua pátria e encontrar sinais
claros de atitudes semelhantes. No entanto, não pareceu surpreendido. Diria
mais tarde: "Eu tinha passado toda a minha vida a ver o meu pai e a minha
mãe e os meus irmãos e irmãs mais velhos a tentarem escapar ao seu próprio tipo
de Hitler, primeiro no Alabama e depois em Cleveland, e tudo o que eu queria
agora era a minha oportunidade de correr o mais depressa possível e dar o salto
mais longo que pudesse para nunca ter de olhar para trás. Se eu pudesse
simplesmente ganhar aquelas medalhas de ouro, disse a mim mesmo, os Hitlers do
mundo não teriam mais significado para mim. Para qualquer um, talvez". (…)
Acreditava no ethos do desporto, no seu poder de transcender a política. E no
entanto, em 1972, escreveu no seu livro ‘I Have Changed’: "Percebi agora
que a militância, no melhor sentido do termo, era a única resposta para o negro
em questão, que qualquer negro que não fosse militante em 1970 ou era cego ou
cobarde".» The Telegraph 27mai2016.
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