Bico calado

• «(…) Na realidade, não andamos a debater passado algum, andamos a usá-lo. Afirmar que Marcelino da Mata foi um criminoso de guerra (e foi-o, à luz de qualquer Convenção Internacional, independentemente do tratamento inaceitável a que depois foi sujeito no quartel do RALIS) faz sair da toca os que sempre se guardaram, saudosistas, no armário. Mas não só. À custa de décadas de esquecimento e desprezo, também enfileira aqueles que Portugal desprezou durante décadas em que resolveu fazer de conta que, sendo o último país a descolonizar, não ia ter custos acrescidos. Muitos daqueles que combateram na África colonial sentem, intimamente, que apelidar de criminoso de guerra "alguém que lá esteve" é um acto de desrespeito. Chegamos a este ponto. Aquilo que os distingue, o carácter que os honra como combatentes, tantos deles forçados e sem causa, o que os separa dos facínoras, é algo que já não os determina, pelo contrário, confunde-se, deslocando-se da perspectiva. Para tantos deles, compreensivelmente, tanta dor, tanto sacrifício devia ter tido um propósito, um significado. Uma recompensa, talvez. Ou um diálogo geracional, ter sido falado entre nós, valorizado. Não teve e não foi. Teve direito a um pano encharcado e papel mata-borrão. E essa ausência, essa inutilidade, coloca-os agora vulneráveis ao veneno e à intoxicação. Num ápice, alguns saltam para dentro da bolha da nostalgia colonial.(…)» Miguel Guedes, Nostalgia colonial – JN 26fev2021.

• Investidores estrangeiros que possuem lares de idosos no Reino Unido estão a cobrar taxas exorbitantes enquanto transferem milhões de libras para paraísos fiscais, denuncia um relatório do Centro para Responsabilidade e Pesquisa Fiscal Corporativa Internacional. Luke Holland, TJN.

• A United Airlines, a terceira maior companhiaaérea do mundo, vai pagar uma multa de mais de US $ 49 milhões para resolver acusações criminais e ações civis relacionadas com fraude em contratos de serviço postal para transporte de correspondência internacional.

• Um agente secreto americano está a ser julgado na Venezuela por acusações de terrorismo e tráfico de armas. Matthew John Heath foi preso em setembro junto das refinarias de petróleo de Amuay e Cardon na posse de uma metralhadora, um lançador de granadas, explosivos C4, um telefone satélite e blocos de notas de 20 dólares.  Alan Macleod, MintPress.