Bico calado
- «Que o mercado funciona, não haja disso dúvidas. O
problema é como funciona e se resolve o problema da produção e distribuição de
bens essenciais. A experiência das vacinas está a provar que não é o caso. (…)
Este bloqueio à produção tem uma origem clara. Em primeiro lugar, as empresas
detentoras das patentes (por 20 anos) não querem envolver outras. A
dinamarquesa Bavarian Nordic ofereceu-se para produzir 240 milhões de doses,
sem resposta. Na Índia, onde estão as filiais com maior capacidade, há uma
única empresa a produzir. As três empresas querem maximizar os seus lucros com
a patente e com a produção, depois de terem recebido 88,3 mil milhões de
dólares de fundos públicos dos EUA e UE. O resultado é que só 43% da capacidade
produtiva mundial estão a ser usados. Das 108 milhões de pessoas já vacinadas,
só 4% são de países em desenvolvimento, quase todas da Índia. Dos países mais
pobres do planeta, só a República da Guiné encomendou vacinas, 55 doses. Em
qualquer caso, o mercado funciona, considerando a falta de recursos dos países
do Sul: o plano de vendas da Pfizer é dirigido em 80% para os países
desenvolvidos, que só representam 14% da população mundial. O mercado só
reconhece quem tem dinheiro. (…) as três farmacêuticas já anunciaram aos seus
acionistas que esperam ter 30 mil milhões de dólares de lucro em 2021. Sim, o
mercado funciona mesmo, só que não é para garantir a vacinação universal.» Francisco Louçã, O mercado é incompetente para vacinar o mundo
– Expresso.
- Os governos perdem anualmnte milhares de milhões em
receitas fiscais por causa dos paraísos fiscais como a Holanda. A pandemia do
Coronavirus mostra de forma contundente como esses paraísos fiscais minam os
sistemas de saúde, as políticas públicas e a coesão dentro da UE, argumenta
Boris Kowalski. EurActiv.
- Era uma vez uma autoridade britânica que proibiu as
emissões da CGTN. A autoridade chinesa retribuiu e proibiu as emissões da BBC. Chris Buckley e Isabella Kwai,
NYTimes.
- Até mesmo a direita mediática parece ter abraçado o
Clima. India Bourke, New Statesman.
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